O Congresso Nacional concluiu suas atividades de 2025 na sexta-feira (19/12), antecipando-se ao prazo oficial de 23 de dezembro. A última deliberação foi a aprovação do Orçamento para 2026, que prevê um superávit de R$ 34,5 bilhões, incluindo R$ 61 bilhões destinados a emendas parlamentares no ano que vem.
Apesar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter encerrado o ano com uma conquista no Congresso, o vínculo entre ele e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), permanece fragilizado.
O distanciamento aumentou após a escolha de Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente indicou Jorge Messias, enquanto Alcolumbre apoiava o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu colega no Senado.
No dia 2 de dezembro, Alcolumbre optou por adiar para o próximo ano a sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Desde então, não houve mais contato direto entre ele e Lula.
Essa decisão, de certa forma, beneficiou o indicado de Lula, permitindo-lhe mais tempo para persuadir senadores e reunir votos suficientes. Messias precisa de maioria simples no plenário — pelo menos 41 dos 81 senadores — para ser aprovado.
Ainda existem dúvidas sobre a aprovação de Messias no STF. Um termômetro para isso foi a recondução de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República, que foi aprovada por uma margem apertada de apenas 4 votos acima do necessário, com o placar de 45 a 26 no Senado.
Gonet teve menos votos favoráveis do que na sua indicação em 2023, quando recebeu 65 votos a favor e 11 contra. A queda no apoio está relacionada à sua atuação diante da trama golpista e das medidas contra os ataques ocorridos em 8 de janeiro.
Uma recente disputa nos bastidores envolveu a pressa de Alcolumbre para pautar o Projeto de Lei da Dosimetria, que ajusta critérios de penas para condenados nas ações de 8 de Janeiro, podendo beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para garantir a aprovação de projetos econômicos no Senado, o líder do Governo na Casa Alta, Jaques Wagner (PT-BA), acertou um procedimento envolvendo o PL da Dosimetria.
“Eu não concordei com o mérito do projeto, continuo contra ele e acho absurdo. A única diferença é entre empurrar a votação para fevereiro ou realizá-la agora, o que não altera nada”, declarou Jaques após a aprovação da dosimetria na CCJ.
Lula declarou que nem ele nem a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), foram consultados a respeito desse acordo.

