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quinta-feira, 27/11/2025




Congresso gera crise com Lula e ameaça planos do governo

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Em Brasília

VISTORIA AZEVEDO, RAPHAEL DI CUNTU, CAROLINA LINHARES E CAIO SPECHOTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O clima tenso entre a liderança do Congresso e o governo fica evidente com a ausência dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na cerimônia de aprovação da isenção do Imposto de Renda nesta quarta-feira (26). Este afastamento pode prejudicar projetos importantes para o presidente Lula (PT).

Um dos pontos essenciais é a elaboração do Orçamento de 2026, que definirá os gastos e programas para o ano eleitoral. Além disso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e a nomeação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) são temas que enfrentam oposição, podendo resultar em derrotas para o Executivo.

Na quinta-feira (27), Davi Alcolumbre convocou sessão do Congresso para analisar vetos presidenciais, onde uma nova derrota para Lula é prevista nos bastidores políticos.

Esse conflito com o Palácio do Planalto também reduziu a prioridade do Congresso à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que recebeu reação branda da direita. A discussão sobre anistia se manteve discreta, sem apoio claro do centrão.

Hugo Motta e Davi Alcolumbre distanciaram-se recentemente do governo. Motta, antes grande parceiro do presidente, declarou oposição ao apoiar Jorge Messias no STF em lugar do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Alcolumbre tem buscado senadores para rejeitar a indicação de Messias, aprovando no Senado projeto que concede aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e de combate a endemias, sinalizando descontentamento com o governo.

Apesar das críticas, aliados do governo afirmam que a reação poderia ser mais firme. Eles destacam que a relação institucional entre Executivo e Legislativo não deveria ser prejudicada, e que antes da votação, Lula tentará um diálogo com Alcolumbre.

Hugo Motta rompeu publicamente com o líder do PT Lindbergh Farias (RJ) após críticas sobre a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto antifacção, foco da segurança pública pretendida por Lula.

Embora afirme que o rompimento é apenas com o líder do PT, Motta também manifestou insatisfação com o Palácio do Planalto, citando atrasos em emendas parlamentares e nomeações de aliados.

O grupo de Motta acusa o governo de promover ataques à Câmara, demonstrando conflitos com ministros como Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Secom).

Motta criticou declarações de Gleisi Hoffmann e Haddad sobre o projeto antifacção e indicou que a Secom estaria por trás de ataques ao Congresso nas redes sociais.

O grupo defende a necessidade de repensar a relação com Haddad, ressaltando que o apoio dos deputados aos pedidos do ministro ao longo do ano pode ser revisto.

Além da votação do Orçamento e medidas para equilibrar as contas, como o corte de R$ 20 bilhões em subsídios fiscais, a liderança de Câmara ameaça dificultar a tramitação da medida provisória que incentiva a criação de data centers no país.

Do lado do governo, fontes informam que a tensão é recíproca e que é importante que Lula intensifique o diálogo com o Congresso para reduzir o conflito.

Aliados do presidente argumentam que as ações de Motta têm impacto político, como a nomeação de relator opositor para projetos prioritários, destacando que essas decisões receberam a aprovação do próprio Lula.

Para se fortalecer diante das pressões do governo e da oposição, Motta reuniu um bloco parlamentar com 275 deputados, abrangendo partidos como PSD, União Brasil, PP, MDB e Republicanos. Esse grupo busca garantir apoio para sua reeleição em 2027, apesar de algumas discordâncias internas.

Com essa maioria, o bloco pode aprovar requerimentos importantes sem depender do apoio da esquerda ou da direita, podendo alternar alianças conforme conveniência.

Os bolsonaristas tentam aproveitar a prisão do ex-presidente para avançar com a pauta da anistia, mas o projeto permanece paralisado. Motta só aceita levar ao plenário uma versão que limite a redução de penas, enquanto o PL defende anistia completa.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), destacou que a votação da anistia ainda está em impasse.

A reação da direita no Congresso mostra enfraquecimento do grupo, que no passado realizou atos após a prisão domiciliar do ex-presidente.

Desde sua prisão preventiva no sábado (22), e início do cumprimento de pena na terça (25), poucos parlamentares defenderam Bolsonaro no plenário, sem manifestações mais fortes como protestos ou obstruções.

Sóstenes Cavalcante minimizou a reação tímida do grupo, sugerindo que uma abordagem mais estratégica e menos radical pode ser necessária.

Ele afirmou que a prisão do ex-presidente classifica-se como diferente, destacando que a detenção de Bolsonaro foi conduzida de forma lenta e com dificuldades, contrastando com a prisão de Lula, que teve repercussão eleitoral intensa.




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