Na segunda-feira (8/12), um ataque aéreo realizado pela Tailândia na fronteira com o Camboja resultou na morte de um soldado tailandês e quatro civis cambojanos.
Os países compartilham uma fronteira terrestre de 817 quilômetros e enfrentam um conflito por áreas mal definidas. A demarcação original, feita pela França durante seu período colonial no Camboja, inclui regiões históricas e templos, como o Preah Vihear, de origem do século XI, que é patrimônio mundial da Unesco.
O dia começou com confrontos na fronteira, que se intensificaram à noite. O Exército tailandês afirmou ter sido atacado na província de Ubon Ratchathani.
Segundo Neth Pheaktra, ministro da Informação do Camboja, os confrontos resultaram na morte de quatro civis e cerca de 10 feridos. Já a Tailândia informou a morte de um soldado e ferimentos em oito outros.
O Ministério da Defesa do Camboja relatou que as forças tailandesas atacaram pela manhã as províncias de Preah Vihear e Oddar Meanchey na fronteira.
Winthai Suvaree, porta-voz do Exército tailandês, declarou que os ataques aéreos são precisos e direcionados somente a alvos militares, sem afetar civis.
Esses novos confrontos ocorreram menos de dois meses após um cessar-fogo assinado em Kuala Lumpur, na Malásia, mediado pelo então presidente dos EUA, Donald Trump. O acordo visava pôr fim a combates em julho que resultaram em 43 mortes e deslocaram cerca de 300 mil pessoas, mas foi suspenso pela Tailândia em novembro após uma mina terrestre ferir soldados.
No retorno das hostilidades de domingo para segunda, milhares de moradores da região fronteiriça foram obrigados a evacuar suas casas rapidamente.
Pannarat Woratham, uma tailandesa de 59 anos, afirmou à AFP que deixa sua residência imediatamente após o pedido do líder local, preparando-se desde os conflitos anteriores.
O Exército tailandês anunciou que cerca de 35 mil pessoas foram evacuadas desde a retomada dos combates na noite anterior, enquanto autoridades cambojanas mencionam a retirada de mais de mil famílias da província de Oddar Meanchey.
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que lidera a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), pediu que ambos os lados mantenham contenção máxima.
Em resposta, o primeiro-ministro tailandês Anutin Charnvirakul chamou à atenção para a interrupção das ações agressivas por parte dos atacantes antes de sugerir qualquer postura.
Bangkok acusa Phnom Penh de instalar minas recentes na fronteira, embora o país defenda que sejam remanescentes de conflitos passados e manifeste condolências pelos soldados feridos.
O governo cambojano reafirma o compromisso com o acordo de cessar-fogo, que previa a retirada de armas pesadas, a desminagem das áreas de conflito e a manutenção do diálogo, mas até o momento essas medidas não foram efetivamente implementadas.