Sem completar seis meses no cargo, a primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, envolveu-se em uma crise diplomática ao alertar que Tóquio pode responder militarmente caso a China avance sobre Taiwan. Esse episódio intensificou a tensão entre as duas potências asiáticas ao final de 2025.
Desde outubro, após o anúncio de Takaichi, a relação entre Japão e China ficou mais tensa. Em debate no Parlamento japonês, a primeira-ministra destacou que um bloqueio naval chinês envolvendo forças militares contra Taiwan representaria uma ameaça séria à Japão, que teria que se defender com força.
A China considera Taiwan parte de seu território e rejeita o reconhecimento da ilha como independente.
O governo chinês repudiou as declarações de Takaichi. O Ministério das Relações Exteriores da China exigiu a retratação imediata da premiê japonesa sobre suas falas a respeito de Taiwan.
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, criticou a ausência de um recuo oficial de Takaichi e enfatizou que qualquer uso de força pelo Japão no Estreito de Taiwan seria visto como um ato agressivo, que receberia resposta firme da China. Ele também pediu que o Japão interrompesse intervenções e posturas provocativas contra a China.
Em novembro, o Ministério da Defesa do Japão informou sobre o envio de caças ao sudoeste do país após identificar a aproximação de um drone chinês na região entre a ilha de Yonaguni e Taiwan.
Com a escalada da tensão, confrontos navais ocorreram no Mar da China Oriental, envolvendo embarcações militares chinesas e japonesas. As versões sobre os acontecimentos divergem entre os dois países, mas foi informado que as embarcações japonesas interceptaram navios chineses próximos a um barco de pesca local.
Xi Jinping, presidente da China, dialogou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterando a posição chinesa sobre a reintegração de Taiwan ao território chinês como parte da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial.
A estratégia de segurança dos EUA reafirma a prioridade de evitar conflitos militares, especialmente relacionados a Taiwan.
Depois de quase um mês sem declarações diretas, a primeira-ministra japonesa ressaltou sua disposição para diálogo aberto com a China, destacando a importância da comunicação para resolver desafios e a intenção de construir uma relação estável com esse vizinho.
O cientista político Maurício Santoro, do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, destacou que o Japão teria motivo para agir militarmente em defesa de Taiwan, especialmente se os Estados Unidos também interviessem. Ele comparou a situação com o apoio de países vizinhos à Ucrânia na guerra contra a Rússia, considerando Taiwan vital para a segurança regional do Japão.
Em resposta à crescente pressão chinesa, o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, anunciou um orçamento de defesa especial de US$ 40 bilhões para fortalecer as capacidades militares assimétricas da ilha.
Os Estados Unidos também aprovaram a venda de armas para Taiwan no valor de mais de US$ 11,1 bilhões, o maior pacote já destinado à ilha. A Agência de Cooperação em Segurança de Defesa dos EUA declarou que essas vendas visam apoiar a segurança, manter a estabilidade política e o equilíbrio militar, além de contribuir para o desenvolvimento econômico da região.

