Nesta terça-feira (26/8), milhares de cidadãos israelenses tomaram as ruas em um grande protesto contra a campanha militar na Faixa de Gaza, pedindo uma solução urgente para a libertação dos reféns ainda retidos na região. Esta é a segunda grande manifestação nos últimos dez dias contra a iniciativa do governo de liberar a ofensiva nas áreas remanescentes sob controle palestino.
O governo está reunido nesta terça-feira com o gabinete de segurança para definir os próximos passos da operação, que tem gerado controvérsias inclusive dentro do Alto Comando Militar. Eyal Zamir, comandante do Exército israelense, manifestou claramente sua discordância com o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
“A cultura das divergências sempre esteve presente na história do povo de Israel”, declarou durante encontro com oficiais superiores no início do mês, acrescentando: “Continuaremos a expressar nossas opiniões sem receio.”
Zamir acredita que a tomada da cidade de Gaza representa um equívoco estratégico, colocando em risco tanto a vida dos 20 reféns israelenses ainda vivos quanto a dos soldados envolvidos numa operação extensa e perigosa.
Mesmo assim, após a aprovação do plano, ele ordenou a convocação dos reservistas e iniciou a evacuação dos civis das áreas afetadas.
Cronograma da campanha militar
A divisão no Estado-Maior também ocorre em relação ao calendário da ofensiva. Enquanto Zamir defende um acordo parcial com o Hamas para garantir a libertação dos reféns, outros generais se alinham à visão do governo: apenas um acordo total ou a rendição do Hamas seriam capazes de impedir a conquista da região de Gaza. Eles pressionam, alinhados com Netanyahu, por uma ação rápida, preocupados que o principal aliado, os Estados Unidos, possa demandar o fim dos confrontos.
Segundo fontes locais, o gabinete israelense deve discutir o retorno às negociações após a proposta apresentada pelos mediadores – Qatar, Egito e Estados Unidos – ter sido aceita pelo Hamas.
O Qatar afirma ainda aguardar a resposta israelense a uma proposta de trégua que inclui a libertação dos reféns, embora demonstre pouca confiança na concretização do acordo.
Tensão nas ruas de Israel
Nas ruas, a população manifesta sua insatisfação com bloqueios gerando congestionamentos, protestos em frente às residências de autoridades e manifestações na Praça dos Reféns. Familiares de reféns também se expressam publicamente.
Einav, mãe de Matan Zangauker, dirige-se diretamente ao primeiro-ministro: “Netanyahu, por que está demorando tanto? Se é fundamental encerrar este conflito, por que não estabelece os fundamentos de um acordo? Ele parece temer a pressão popular. Convoco todos a saírem às ruas conosco.”
Ruby Chen, pai de Itay, um refém americano-israelense supostamente falecido, faz um apelo ao presidente dos Estados Unidos: “Presidente Trump, o senhor nos prometeu, ao nos encontrar, que todos os reféns logo retornariam para casa. Este é o momento de acelerar este processo, mesmo com o Hamas ainda em confronto.”
Ao final da tarde, está marcada uma manifestação em frente ao escritório do primeiro-ministro em Jerusalém, local da reunião do gabinete de segurança que decidirá sobre a continuidade da ofensiva em Gaza.
Ainda nesta noite, Tel Aviv deve sediar um grande protesto, encerrando mais um dia intenso de mobilizações contra a guerra.