Durante muitos anos, Israel foi reconhecido como a “nação das startups” e um modelo global em inovação tecnológica. Contudo, os últimos dois anos de conflito com o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza, decorrentes do ataque em 7 de outubro de 2023, desencadearam uma fase de instabilidade econômica, tensões diplomáticas com o Irã e afastamento de aliados tradicionais.
Israel é sede de importantes companhias de tecnologia, exporta softwares, equipamentos médicos e soluções em cibersegurança. Desde o começo do conflito com o Hamas, porém, os indicadores econômicos do país têm apresentado deterioração. No último trimestre, o PIB israelense sofreu uma queda notável, o consumo interno retraiu, investimentos privados diminuíram e a produção economica desacelerou.
As previsões para 2025 são bastante modestas: crescimento estimado em apenas 1%, após 0,9% em 2024, muito aquém dos 6,5% registrados em 2022. A inflação permanece em torno de 3% e o déficit fiscal aumentou. Para conter a desvalorização do shekel, moeda local, o Banco Central injetou mais de 30 bilhões de dólares no mercado cambial.
Além disso, aproximadamente 170 mil pessoas deixaram Israel desde 2023, muitas delas jovens com educação superior, agravando a sensação de instabilidade e prejudicando a disponibilidade de profissionais qualificados.
A queda da confiança de investidores estrangeiros acompanha essa fragilidade. O investimento direto externo diminuiu, financiamentos internacionais foram suspensos e contratos relevantes estão sendo revistos. A União Europeia, principal parceira comercial de Israel, considera reduzir cooperações estratégicas — um alerta para uma economia que depende fortemente do comércio com esse bloco.
Por exemplo, o fundo soberano da Noruega vendeu ações em empresas israelenses do setor de defesa. Nos Estados Unidos, grandes empresas como a Microsoft reavaliam sua atuação no país, pressionadas pela opinião pública. Até aliados tradicionais, como a Colômbia, buscam alternativas locais, após suspenderem compras de armamentos israelenses, mostrando uma mudança significativa no cenário de parcerias.
Essas alterações criam um efeito dominó: a perda de apoio político, saída do capital estrangeiro e redução nos mercados estratégicos fragilizam o crescimento econômico israelense e ameaçam sua influência internacional.
Essa situação impacta diretamente o cotidiano dos cidadãos israelenses. O custo de vida permanece elevado, e há possibilidade de aumento de impostos para cobrir os gastos militares e o déficit fiscal. A queda na atratividade econômica e a saída de talentos podem resultar no fechamento de empresas e aumento do desemprego.
Israel ainda conserva pontos fortes, como sua expertise tecnológica e uma economia diversificada, mas o futuro econômico do país depende cada vez mais das escolhas políticas e diplomáticas de seus governantes. Recuperar a confiança internacional será fundamental para evitar o enfraquecimento duradouro do modelo econômico israelense.