Na quinta-feira, 12 de junho, Israel e Irã entraram em mais uma etapa de um conflito prolongado. As Forças de Defesa de Israel realizaram ataques aéreos contra diversos alvos em território iraniano, incluindo a capital Teerã.
O governo de Israel declarou que essa operação teve a finalidade de frear o avanço do programa nuclear iraniano, considerado uma ameaça urgente por Tel Aviv.
Já no dia seguinte, 13 de junho, o Irã retaliou lançando dezenas de mísseis balísticos contra Israel. Esse episódio agravou as tensões entre as nações e ressaltou o poder militar de ambas as potências.
Israel e Irã figuram próximos no ranking dos maiores arsenais do mundo, ocupando as posições 15ª e 16ª, respectivamente, segundo dados da Global Firepower.
Escalada do conflito
Após várias ameaças anteriores, Israel iniciou um ataque preventivo focado em instalações nucleares iranianas, além de locais onde estariam posições militares e cientistas ligados ao programa nuclear do país.
Durante a semana, a retórica entre os governos dos dois países tornou-se cada vez mais beligerante, com o Irã advertindo que atacaria Israel caso seu programa nuclear fosse prejudicado.
De acordo com Israel, o objetivo principal da operação é impedir que o Irã desenvolva armamentos nucleares.
Como retaliação, o Irã enviou um contingente de drones para atacar o território israelense.
Capacidade militar de Israel
Conforme o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), Israel detém uma das forças armadas mais tecnologicamente avançadas do Oriente Médio, com cerca de 340 caças modernos, incluindo modelos como F-35, F-16 e F-15, fornecidos pelos Estados Unidos.
A defesa aérea israelense inclui sistemas sofisticados:
- Domo de Ferro – interceptação de foguetes de curto alcance;
- Seta – proteção contra mísseis de longo alcance;
- Viga de Ferro – camada adicional contra ameaças aéreas.
Além disso, Israel é um dos poucos países que possuem armas nucleares, com um arsenal estimado de cerca de 90 ogivas.
O orçamento de defesa de Israel chegou a US$ 19,4 bilhões em 2022, com um efetivo ativo de 169,5 mil militares, 35 mil paramilitares e 465 mil reservistas aptos a mobilização.
Força militar do Irã
Segundo o ranking Global Firepower, o Irã tem a segunda maior força militar ativa no Oriente Médio, somando cerca de 610 mil soldados, 220 mil paramilitares e 350 mil reservistas. Seu orçamento de defesa para 2022 alcançou aproximadamente US$ 44 bilhões, mais que o dobro do orçamento israelense.
A força aérea conta com 273 caças, muitos deles modelos antigos de origem soviética. Porém, o Irã compensa essa limitação com um grande número de veículos de artilharia e lançadores de mísseis, com uma vantagem expressiva em relação a Israel nessa categoria.
Além disso, o Irã desenvolve drones militares de ataque, como os modelos Shahed-136 e Mohajer-10, utilizados em diversos conflitos no Oriente Médio.
A preocupação com a ameaça nuclear
Para Israel, o programa nuclear iraniano representa a principal ameaça à sua segurança, motivo por trás dos ataques recentes. Conforme o governo israelense, o Irã já acumulou urânio enriquecido suficiente para produzir entre 9 a 15 bombas nucleares, com um terço produzido nos últimos três meses.
Em março de 2023, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o Irã estava enriquecendo urânio em níveis próximos aos necessários para fins militares.
Na véspera dos ataques, o Conselho de Governadores da AIEA censurou o Irã por falhas na cooperação com inspetores internacionais. Em resposta, Teerã anunciou a instalação de uma terceira unidade para enriquecimento de urânio.
O governo iraniano nega que seu programa nuclear tenha propósitos bélicos, afirmando que é exclusivamente civil.
Décadas de rivalidade
A animosidade entre Israel e Irã intensificou-se após a Revolução Islâmica de 1979, quando o novo regime iraniano rompeu relações diplomáticas com Tel Aviv e adotou uma postura amplamente hostil ao Estado israelense. Anteriormente, os dois países mantinham relações diplomáticas, e o Irã foi o segundo país islâmico a reconhecer Israel.
Desde então, o Irã tem sido um dos principais aliados de grupos como o Hamas e o Hezbollah, ambos considerados adversários por Israel.
A partir desse ponto, as nações protagonizam confrontos indiretos, numa dinâmica frequentemente chamada de “guerra nas sombras”, que inclui operações secretas, ataques cibernéticos e ações militares pontuais.