Estudo indica em quais países a desconfiança envolvendo as vacinas aumentou nos últimos anos para tentar reverter a situação e salvar vidas
A confiança na vacinação segue baixa na Europa, mas tende a aumentar levemente, estimam pesquisadores, que destacaram a importância deste tipo de estudo antes de uma vacina contra o novo coronavírus.
“Com as doenças emergentes, como a Covid-19, é vital acompanhar regularmente a opinião pública, para identificar rapidamente os países e grupos em que a confiança diminui”, comentou a principal autora do estudo, Heidi Larson, da London School of Hygiene & Tropical Medicine.
Isto permitirá determinar “onde se deve agir para restabelecer a confiança, para que tantas pessoas quanto for possível possam se beneficiar das novas vacinas, que salvarão vidas”, assinalou Heidi, citada em comunicado da revista médica “The Lancet”, que publicará os resultados amanhã.
Os pesquisadores compilaram cerca de 300 pesquisas nacionais realizadas em todo o mundo entre 2015 e 2019 e as completaram com novos elementos e modelos de informática. No total, o estudo reúne respostas de cerca de 300 mil adultos sobre “a importância, segurança e eficácia das vacinas”.Na Europa, “a confiança na segurança das vacinas aumenta em países como Finlândia, França, Itália, Irlanda e Reino Unido”, assinalaram os autores.
Na França, onde a desconfiança era muito alta nos últimos anos, 30% das pessoas entrevistadas em dezembro de 2019 acreditavam que as vacinas eram seguras, contra 22% em novembro de 2018.
No Reino Unido, a confiança na segurança das vacinas passou de 47% para 52% entre maio de 2018 e novembro de 2019. Uma tendência inversa se observa na Polônia, onde passou de 64% em novembro de 2018 para 53% em dezembro de 2019, o que ilustra “o impacto crescente de um movimento local contra as vacinas bastante organizado”.
O estudo cita seis países onde a desconfiança envolvendo as vacinas aumentou consideravelmente desde 2015: Afeganistão, Azerbaijão, Indonésia, Nigéria, Paquistão e Sérvia. Os pesquisadores veem estes números como “uma tendência preocupante ligada à instabilidade política e ao extremismo religioso”.
A professora Heidi Larson também destacou a “desinformação”: “Uma queda significativa na cobertura sobre as vacinas coincide com medos infundados envolvendo a segurança das mesmas, que semeiam dúvida e desconfiança.”