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domingo, 24/11/2024
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Comunicado do Copom: fiscal melhora, mas inflação de médio prazo preocupa

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Em comunicado anunciando a manutenção da Selic em 13,75%, membros do Copom apontaram preocupação com a elevação das expectativas de inflação no médio prazo

Copom: Selic é mantida em 13,75% (Copom/Divulgação)

Em seu comunicado anunciando a manutenção da taxa Selic em 13,75%, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central apontou preocupação com a elevação das expectativas de inflação no médio prazo como um dos motivos para não iniciar os cortes na taxa já nesta reunião.

No comunicado divulgado nesta quarta-feira, 22, o Copom afirmou que “permanecem fatores de risco em ambas as direções”.

Por um lado, os membros do comitê mencionaram a crise bancária nos EUA e na Europa, que agentes dos mercados apontam que pode gerar uma desaceleração global e exigir menor aperto monetário. O Copom afirmou que os episódios “elevaram a incerteza e a volatilidade” e “requerem monitoramento”.

Dentre os fatores de baixa, o Copom citou também queda nos preços das commodities e desaceleração no cenário doméstico de crédito (veja abaixo).

No cenário doméstico, no entanto, o comunicado traz o cenário de inflação acima da meta nas expectativas para 2023 e preocupação com o aumento das projeções para 2024 desde a última reunião, em fevereiro. “As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência elevaram-se para 5,8% em 2023 e para 3,6% em 2024”, disse o Copom, em nota.

Na outra ponta, o comitê afirmou também que a reoneração dos impostos federais nos combustíveis implementada a partir de março melhorou o cenário fiscal. Horas antes da decisão do Copom nesta quarta-feira, o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento divulgaram relatório de acompanhamento bimestral com projeção de déficit primário para 2023 caindo de 2,1% para 1%. A alta prevista na receita via reoneração dos combustíveis foi um dos destaques da melhora fiscal.

“Por um lado, a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de inflação desancoradas em relação às metas em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”, disse o Copom em comunicado.

Riscos citados pelo Copom

No comunicado desta quarta-feira, o Copom listou riscos de pressão que levaram à manutenção da Selic em 13,75%:

  • uma maior persistência das pressões inflacionárias globais;
  • a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública;
  • uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.

Já entre os riscos de baixa, o Copom citou:

  • uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local;
  • uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em razão de condições adversas no sistema financeiro global;
  • e uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

Copom diz que manterá os juros até estabilizar as expectativas

Dado o cenário, o Copom afirmou que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado” e que preservará a Selic, a maior desde 2016, até que se consolide a ancoragem nas expectativas. 

“Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas”, diz a nota. “O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos.”

O boletim Focus desta semana mostrou piora nas projeções de inflação para 2024, 2025 e 2026, que estão hoje em torno de 4%, acima do previsto anteriormente.

“Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juro por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, diz o comunicado.

“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”

A decisão foi tomada pelos seguintes membros do Copom em reunião nesta terça-feira, 21, e quarta-feira, 22. Participaram o presidente do BC, Roberto de Oliveira Campos Neto, Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes.

Quanto ficou a Selic hoje?

Em sua segunda reunião de 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira, 22, manutenção na taxa básica de juro, a Selic, em 13,75% ao ano.

A decisão veio em linha com as expectativas de economistas do mercado financeiro, que apostavam majoritariamente na manutenção da taxa.

Desde quando a Selic está em 13,75%?

A Selic está nesse patamar desde agosto de 2022, após altas sucessivas nos juros em resposta às pressões inflacionárias. Embora haja uma projeção de queda até o fim do ano, essa foi a quinta reunião seguida do Copom que terminou com a Selic mantida em 13,75%.

A decisão do Copom ocorre no mesmo dia em que o Fed, Banco Central dos Estados Unidos, anunciou novamente ritmo mais brando de alta de juros, com aumento de 0,25 ponto percentual (veja aqui). Com as decisões no Brasil e nos EUA divulgadas hoje, o dia é chamado de “Super Quarta” nos mercados brasileiros.

Quanto ficará a Selic em 2023?

A principal dúvida no momento é sobre quando o BC iniciará trajetória de corte na Selic. A expectativa para 2023 é de redução na Selic, sobretudo a partir do segundo semestre, após os ciclos de altas nos juros nos últimos dois anos.

O último boletim Focus nesta semana traz mediana das projeções em 12,75% até o final do ano, isto é, com uma queda de somente 1 ponto percentual em relação ao valor atual. A projeção tem aumentado, com inflação de médio prazo persistente. Em novembro passado, na primeira projeção após as eleições presidenciais, a aposta era de que a Selic terminasse o ano em patamar menor, de 11,25%.

Por que há pressão para cortar os juros?

A taxa de juro está em seu maior patamar desde 2016 e, com isso, o juro real fica em torno de 8% (com juro nominal de 13,75%, descontada a inflação de 5,6%). O patamar tem sido criticado pelo governo federal, que pressiona por uma queda mais rápida nos juros.

Frentes como o novo arcabouço fiscal a ser apresentado pelo governo em abril e a redução na projeção de déficit (que o governo atualizou para 1% do PIB, ante os 2,1% do começo do ano) podem lançar as bases para o início de cortes na Selic nas próximas reuniões.

Na segunda-feira, 20, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, disse em evento que não há “nada que justifique” um juro real em 8%, e que a aprovação do arcabouço ajudará a equacionar a questão. “Nós acreditamos no bom senso e que a gente vá, com a nova ancoragem fiscal, superar essa dificuldade”, disse Alckmin.

A alta de juros brasileira nos últimos anos ocorreu em cenário de aumento da inflação nos períodos de pandemia de covid-19. A inflação brasileira chegou a superar dois dígitos, mas caiu no fim do ano passado em meio à desoneração dos combustíveis, queda no preço das commodities no exterior e alguma resposta à alta de juros. O IPCA, principal índice inflacionário brasileiro, fechou 2022 em 5,79%, abaixo dos 10,06% de 2021 mas ainda acima do teto da meta.

Para 2023, a projeção no boletim Focus é de IPCA em 5,95%, novamente acima da meta. As projeções para o médio prazo também vêm subindo no Focus: a projeção de IPCA para 2024 está em 4,11%, e as projeções para 2025 e 2026 subiram para em torno de 4%.

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