NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A Petrobras planeja realizar esta semana um teste importante para mostrar ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) que pode perfurar a costa amazônica de forma segura, utilizando a maior estrutura de emergência já vista no setor de petróleo.
Se esse teste no poço do bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas, for bem-sucedido, pode liberar um processo ambiental que já está parado há anos e abrir caminho para exploração de petróleo na região.
A data exata do início do teste ainda não foi divulgada, mas ocorrerá nesta próxima semana, segundo o Ibama.
Essa nova área para exploração de petróleo na margem equatorial brasileira é alvo de críticas de grupos ambientais, que pedem menos emissão de gases poluentes. Por outro lado, o governo apoia a iniciativa, destacando o impacto positivo na economia local e as receitas do setor para o país.
O Ibama explica que o chamado APO (avaliação pré-operacional) simula um vazamento de petróleo para checar se o plano de emergência da Petrobras funciona bem.
Esse plano inclui ações para conter o petróleo, recolher o óleo e proteger os animais afetados.
A Petrobras diz que sua estrutura de resposta é inédita na indústria, com seis barcos especializados para recolher óleo e mais seis para cuidar da vida marinha. Serão 400 pessoas envolvidas.
Além disso, a empresa terá três aviões para resgates médicos e de animais, e construiu dois centros de atendimento para a fauna em Belém e Oiapoque, esta última exigida pelo Ibama por ser mais perto do local.
O navio-sonda NS-42, que perfurará o poço, possui tecnologia avançada para operar com segurança em até 3 mil metros de profundidade.
O navio também traz dois robôs para trabalhar no fundo do mar e equipamentos para medir vento e corrente marítima. Esta semana, a embarcação chegou ao local do poço.
A Petrobras destaca que usará tecnologias precisas para controlar a pressão do poço, garantindo uma operação segura e eficiente.
O poço Morpho fica a 175 km da costa do Amapá e será perfurado em 2.800 metros de profundidade, um dos mais profundos do país, próximo ao limite máximo já explorado na bacia Sergipe-Alagoas.
É o primeiro poço em águas muito profundas na Foz do Amazonas, uma região com correntes e clima diferentes da costa atlântica, onde estão as maiores reservas brasileiras.
Essa área é ambientalmente sensível, com manguezais importantes para a biodiversidade e para reter carbono no ambiente.
A Petrobras quer obter a licença ambiental logo após o teste, que deve durar de três a quatro dias.
O Ibama, porém, diz que a análise dos resultados pode demorar mais. Depois do teste, a equipe do Ibama fará uma análise cuidadosa dos dados coletados.
Considerando a complexidade da avaliação, não é possível precisar quanto tempo levará para o relatório final ser concluído, afirmou o órgão.