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segunda-feira, 27/10/2025

Como sair da dívida cara do cartão

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JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O crédito rotativo do cartão de crédito tem a taxa de juros mais alta para pessoas físicas, com uma média de 15,14% ao mês. O Banco Central determina que esse crédito só pode ser utilizado até a próxima fatura, ou seja, por no máximo 30 dias.

Após esse prazo, a dívida é automaticamente parcelada com juros médios de 8,86% ao mês.

Isso quer dizer que, se você deixar uma dívida de R$ 1.000 atrasada no cartão de crédito, em 30 dias ela vira R$ 1.151,40. No segundo mês, esse valor sobe para R$ 1.253,41. Só em juros, são mais de R$ 250, sem contar o IOF diário e a multa por atraso.

Contudo, a Lei do Desenrola limita os juros a no máximo 100% do valor original, ou seja, a dívida não pode dobrar. No exemplo, a cobrança não poderia passar de R$ 2.000, independentemente do tempo de atraso.

Para evitar esses juros altos, especialistas recomendam trocar a dívida do cartão por um empréstimo com juros menores. Contudo, antes de contratar outra dívida, é fundamental organizar as finanças: listar receitas e despesas, separando gastos essenciais e não essenciais, para entender o custo de vida e criar um plano financeiro.

Carlos Castro, planejador financeiro da Planejar, aconselha: “O primeiro passo é saber exatamente quanto você ganha e quanto gasta. Sem esse controle, é fácil gastar mais do que tem.”

Gustavo Riess, sócio e assessor da Ável, concorda: “É necessário compreender o que está acontecendo com o seu dinheiro e refletir sobre suas finanças.”

Depois de analisar ganhos e gastos, entenda detalhadamente a sua dívida: quanto é principal, quanto são juros e encargos.

Carol Stange, planejadora financeira, destaca: “Muita gente pensa que deve um valor X, mas boa parte já é juros por atraso. Sem esse diagnóstico, o plano para quitar a dívida fica frágil.”

Se você tiver investimentos, o ideal é resgatá-los para pagar a dívida. Caso contrário, crie um plano para voltar a pagar suas contas em dia.

É importante calcular sua capacidade real de pagamento, ou seja, quanto pode pagar mensalmente sem deixar de cobrir necessidades básicas. Isso vai ajudar a decidir se renegocia, parcela ou busca um empréstimo mais barato para substituir o rotativo.

Empréstimos pessoais ou consignados são opções com juros menores que o rotativo, com taxas médias de 5,29% e 1,99% ao mês, respectivamente. Os juros variam conforme banco, tipo de empréstimo e cliente, por isso, vale pesquisar.

No consignado, as parcelas são descontadas diretamente do salário ou aposentadoria, então é essencial verificar se esse valor não comprometerá suas despesas do mês.

Riess alerta: “Tenha muito cuidado ao pegar empréstimo para pagar o cartão para não aumentar ainda mais a dívida.”

Os planejadores também dizem que é importante negociar com o banco, que geralmente prefere renegociar do que correr risco de inadimplência. Podem oferecer prazos melhores e até descontos nos juros para facilitar o pagamento.

Carlos Castro sugere pedir dinheiro emprestado a familiares ou amigos, mas deixe tudo combinado por escrito para evitar conflitos futuros. Mesmo que o contrato não tenha força jurídica, terá valor moral.

Também existem feirões de birôs de crédito que oferecem descontos. Após quitar dívidas, mantenha hábitos financeiros saudáveis para evitar novo endividamento.

Carlos Castro ressalta que o brasileiro costuma ver o limite do cartão como complemento de renda e, em média, tem três cartões. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostra que 79,2% das famílias brasileiras estão endividadas e 30,5% com contas atrasadas; 13% não têm condições de pagar.

Dados do Banco Central indicam que a maioria das faturas do cartão não é paga integralmente até o vencimento. Em agosto, 60,48% do valor que entrou no rotativo (modalidade acionada quando fatura não é paga totalmente) não foi pago em 30 dias, entrando no parcelamento automático. O índice de atraso no parcelamento é 13,21%, ambos os maiores desde 2011.

Se controlar gastos no cartão for difícil, reduza o limite ou troque por cartão pré-pago, que limita o gasto ao valor recarregado. Se não puder pagar a fatura inteira, prefira parcelar antes do vencimento para evitar o rotativo.

Especialistas recomendam economizar para criar uma reserva financeira equivalente a seis a doze meses de despesas.

PASSO A PASSO PARA SAIR DO ROTATIVO:

  • Identifique e ajuste seu custo de vida;
  • Compreenda sua dívida e seus componentes;
  • Calcule quanto realmente pode pagar por mês;
  • Use investimentos para pagar a dívida, se possível;
  • Se não, troque a dívida por outra mais barata;
  • Mantenha bons hábitos financeiros após quitar;
  • Construa uma reserva financeira para emergências.

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