O botulismo é uma enfermidade rara e grave, causada pela toxina da bactéria Clostridium botulinum. Essa toxina compromete o sistema nervoso, podendo levar à paralisia muscular, dificuldades respiratórias e, em casos extremos, à morte rapidamente. Mesmo doses mínimas dessa toxina resultam em intoxicação severa.
Segundo o Ministério da Saúde, a contaminação ocorre principalmente pela ingestão de alimentos mal armazenados ou preparados, além de possíveis infecções por feridas contaminadas.
Renata Zorzet Manganaro de Oliveira, infectologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São José do Rio Preto (SP), explica que a toxina bloqueia o funcionamento dos nervos, acarretando problemas na fala, deglutição e respiração.
Como identificar alimentos contaminados?
É possível detectar contaminação em alguns alimentos, especialmente em produtos industrializados ou artesanais. Embalagens inchadas, líquidos turvos, mudanças na cor, cheiro ou textura indicam possível contaminação. Renata destaca que pequenas alterações devem ser tratadas com seriedade, já que a toxina é invisível e muito potente.
Lucas Albanaz, clínico geral e coordenador médico do Hospital Santa Lúcia Gama (DF), acrescenta que sinais como vazamento, espuma ao abrir o produto, odor rançoso ou azedo, bolhas no líquido interno e sedimentos escuros em conservas são alertas importantes.
Contudo, a ausência desses sinais não garante segurança, pois a toxina nem sempre altera cheiro ou sabor, esclarece Lucas.
E quanto aos alimentos frescos?
O risco é menor, mas existe quando frutas, legumes ou verduras são cortados ou cozidos e armazenados incorretamente, especialmente em óleo ou conservas com baixa acidez.
Renata informa que, visualmente, é mais difícil detectar a bactéria em alimentos frescos, mas odores estranhos, textura muito mole ou presença anormal de líquido podem indicar perigo.
O teste da gota d’água é confiável?
Não existe comprovação científica de que colocar uma gota de água no alimento identifique a toxina. Manipular alimentos suspeitos pode aumentar o risco de contaminação. A confirmação só é possível em laboratório especializado, afirma Lucas.
Como evitar a infecção?
A bactéria não se desenvolve em ambientes ácidos ou refrigerados. Portanto, mantenha conservas refrigeradas, acerte a acidez de preparos caseiros e evite deixar alimentos prontos fora da geladeira por muito tempo.
A esterilização rigorosa de produtos industrializados reduz riscos, porém, embalagens danificadas devem ser descartadas, orienta Renata.
O que fazer após consumir alimento suspeito?
Procure atendimento médico rapidamente. Não provoque vômito sem orientação. Informe o tipo, a quantidade e o tempo desde a ingestão, levando a embalagem ou uma amostra para avaliação.
O tratamento pode incluir lavagem gástrica, carvão ativado e aplicação de soro antibotulínico. Uma intervenção precoce aumenta as chances de evitar problemas graves.