Hysell V. Oviedo, professor assistente de pesquisa biomédica na Universidade Washington em St. Louis, e autor deste estudo publicado na plataforma The Conversation Brasil, explica as diferenças no processamento da linguagem pelos hemisférios cerebrais.
O cérebro humano é capaz de realizar funções cognitivas complexas graças à divisão entre seus hemisférios, especialmente na percepção da fala, que normalmente é dominada pelo hemisfério esquerdo. Este hemisfério ajuda a interpretar a linguagem, enquanto o direito está mais envolvido na percepção musical e na entoação vocal.
O cérebro funciona como um processador multifuncional que divide os sons recebidos em aspectos linguísticos, emocionais e musicais. Por mais de um século, essa divisão tem sido estudada, embora os mecanismos exatos ainda não sejam completamente compreendidos.
Pesquisas recentes com camundongos revelaram que os hemisférios cerebrais processam sons de maneiras diferentes devido a circuitos neurais distintos, que se desenvolvem em janelas temporais críticas e variam entre machos e fêmeas. O hemisfério direito geralmente amadurece antes do esquerdo e é particularmente sensível a certos estímulos durante esses períodos, resultando em diferenças funcionais permanentes.
Essa sincronização diferenciada ajuda a explicar por que regiões cerebrais aparentemente semelhantes nas duas metades do cérebro, processam informações auditivas e linguísticas de forma diversa. Além disso, essas descobertas têm implicações importantes para o entendimento de distúrbios do neurodesenvolvimento como autismo e esquizofrenia, nos quais o equilíbrio entre os hemisférios pode estar comprometido.
Estudar como o cérebro desenvolve a percepção da fala pode contribuir para avanços no tratamento precoce e específico para crianças que enfrentam dificuldades no desenvolvimento da linguagem, apoiando assim uma comunicação mais eficiente desde os primeiros anos.