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segunda-feira, 10/11/2025




Como criminosos compram fardas e armas pela internet

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Em Brasília

A comercialização de armas, acessórios táticos e roupas camufladas na internet representa uma ameaça crescente à segurança pública no Brasil. Diversas plataformas especializadas e grandes marketplaces têm sido utilizados para a venda de armamentos, miras, coldres e equipamentos semelhantes aos utilizados por integrantes das Forças Armadas e polícias em todo o país.

Embora muitos desses itens não sejam proibidos isoladamente, o uso por civis levanta suspeitas quando ligado a ações criminosas. Na operação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, no dia 28/10, muitos membros do Comando Vermelho (CV) mortos em confronto usavam fardamento camuflado.

Na operação no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais, foram apreendidas 118 armas, sendo 91 fuzis de uso restrito, e 113 pessoas foram presas. Entre os detidos está Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como “Belão”, braço direito de Doca, líder do Comando Vermelho. O episódio evidenciou a força do tráfico e o armamento pesado usado pelas facções, com armas provenientes tanto do território nacional quanto do exterior.

Controle rigoroso de armas

Segundo a delegada substituta da Receita Federal, Juliana Guimarães, responsável pela fiscalização na Alfândega do Aeroporto Internacional de Brasília, toda arma que entra legalmente no país passa obrigatoriamente pelo controle da Receita. A importação envolve processos rigorosos, que exigem diversas licenças e a autorização formal do Exército Brasileiro.

Armas de grande calibre raramente entram no país por vias legais, o que torna fundamental a fiscalização minuciosa nas rotas aéreas e marítimas. Somente com a autorização prévia dos órgãos competentes, formalizada por meio de Licença de Importação, é permitido o ingresso desses materiais.

Roupas camufladas e acessórios táticos

A venda de fardas camufladas e equipamentos táticos como mochilas, coletes e coturnos está em uma área cinzenta da lei. A comercialização desses produtos não é crime, porém o uso público de uniformes que imitam os oficiais é proibido, com pena prevista no artigo 46 da Lei das Contravenções Penais para quem utilizar insígnias ou uniformes militares sem autorização.

Autoridades alertam que organizações criminosas usam esse tipo de vestimenta para confundir a população e dificultar a identificação durante ações policiais, aumentando o risco para civis e agentes de segurança.

Desafios na fiscalização e combate ao tráfico

A fiscalização digital é um dos maiores desafios para conter o tráfico de armas e acessórios, já que muitas vendas ocorrem em sites estrangeiros, redes sociais e aplicativos de mensagens, onde o rastreamento é dificultado e o controle, quase inexistente.

O enfrentamento dessa questão demanda coordenação eficiente entre Polícia Federal, Receita Federal e Exército, além de colaboração internacional constante. A tecnologia desempenha um papel fundamental nesse combate, mas sem ações integradas e respostas rápidas, o comércio virtual continuará sendo uma via de entrada para armas ilegais que abastecem o crime organizado no Brasil.




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