GIULIA PERUZZO
SÃO PAULO, SP
Durante o verão, que costuma ser época de férias e viagens, as mulheres que estão amamentando podem enfrentar mudanças na rotina que afetam seus bebês e a produção de leite.
Luiza Drummond, ginecologista e obstetra, explica que essas mudanças na amamentação são temporárias e reversíveis. A amamentação traz conforto e segurança ao bebê, por isso é importante manter o essencial da rotina e ser flexível com o resto.
Nesse período, as mamadas podem ser mais curtas ou o bebê pode recusar, mas é fundamental manter a amamentação sempre que possível. Em casos especiais, é importante seguir orientações específicas.
Danielle Aparecida da Silva, gerente do banco de leite humano do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), alerta que, embora seja comum espaçar as mamadas, pular alimentação pode reduzir os nutrientes e a hidratação do bebê.
Ela reforça que no verão o leite materno é fundamental para matar a sede e manter o bebê hidratado, então a frequência das mamadas não deve ser alterada neste período.
O período de viagens pode causar insegurança e cansaço nas mães, que às vezes pensam em parar de amamentar durante as férias.
Luiza Drummond ressalta a importância de diferenciar o cansaço do desejo real de desmame e sugere estratégias para manter a amamentação durante as viagens de forma tranquila.
Como amamentar confortavelmente durante viagens
Em viagens de carro, evite dar a mamada com pressa. Sempre que possível, amamente antes de sair, mantenha o bebê em posição ereta durante e depois da mamada, faça paradas a cada duas horas para o bebê arrotar.
Durante o voo, amamentar na decolagem e no pouso ajuda a aliviar o desconforto dos ouvidos e a acalmar o bebê.
Para mães com recém-nascidos, viagens longas devem ser evitadas para manter a amamentação em livre demanda, evitando o uso de mamadeiras, chupetas e fórmulas.
Mães mais experientes terão menor dificuldade, pois a produção de leite e a rotina estão estabilizadas, permitindo maior flexibilidade e deslocamentos mais longos.
Se sentir vergonha de amamentar em público, é possível escolher locais discretos, usar mantas leves e roupas práticas que facilitem a amamentação.
Quando a mãe precisar se afastar por períodos mais longos, é possível extrair o leite manualmente ou com bomba, tomando cuidado com a higiene do equipamento.
O leite extraído deve ser guardado em recipientes adequados e mantido refrigerado ou congelado. Dentro da bolsa térmica com gelo, pode durar até 24 horas, mas depois deve ser colocado na geladeira ou freezer identificado com a data, hora e volume.
Para saber se o leite está próprio para o bebê, observe se não tem aspecto estranho como grânulos, cheiro forte ou cor alterada. Leite que ficou fora da geladeira por muito tempo ou foi reaquecido várias vezes deve ser descartado.
O consumo de álcool pela mãe passa para o leite, então, se ingerir bebidas alcoólicas, deve aguardar de duas a três horas antes de amamentar, aumentando esse tempo conforme a quantidade bebida.
Se a mulher está produzindo leite e não está amamentando, pode ocorrer o endurecimento das mamas, chamadas de “pedras de leite”, que se não cuidadas podem causar inflamação. É importante massagear e retirar o leite frequentemente.
O leite retirado pode ser armazenado para oferecer ao bebê depois ou doado para bancos de leite. Para doações em cidades diferentes, equilibre com o banco de leite local para orientações.
Danielle Aparecida da Silva recomenda buscar ajuda nos bancos de leite da Rede Brasileira para apoio com dúvidas, técnicas de amamentação e até mesmo para o desmame.

