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quarta-feira, 10/09/2025

Como a menopausa afeta a gordura no fígado

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Com a menopausa, as mulheres vivenciam mudanças hormonais e metabólicas que vão além dos sintomas comuns, como ondas de calor, insônia e alterações de humor. Uma dessas mudanças pode ser o desenvolvimento da esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado.

Apesar de pouco mencionada em relação ao climatério, essa condição traz riscos sérios, como fibrose, cirrose e até câncer no fígado, especialmente quando não é diagnosticada ou tratada a tempo.

Mas qual a relação entre menópauasa e gordura no fígado? A médica ginecologista e nutróloga Alessandra Bedin Pochini, do Einstein Hospital Israelita, explica: “O estrogênio age como protetor no corpo da mulher. Com a queda desse hormônio a partir dos 45 anos, mesmo antes da menopausa, o metabolismo da glicose e do colesterol sofre alterações significativas.”

Esse declínio hormonal favorece o acúmulo de gordura visceral, que é inflamatória e perigosa, aumentando o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e esteatose hepática, condição associada ao sobrepeso e obesidade.

“A deficiência de estrogênio eleva o estresse oxidativo, piora a resistência à insulina e facilita o acúmulo de gordura tanto na região abdominal quanto no fígado, ampliando o risco de esteatose e fibrose hepática”, acrescenta Alessandra Bedin.

O período mais crítico ocorre na transição da menopausa, iniciando cerca de três anos antes da última menstruação e podendo se estender por até cinco anos depois. Nessa fase, há uma mudança no corpo feminino, com perda de massa muscular e ganho de gordura abdominal, propiciando o surgimento e agravamento da gordura hepática.

Estudos indicam que após a menopausa, a prevalência da esteatose hepática é cerca de 20% maior comparado a mulheres pré-menopáusicas, afetando aproximadamente 30% das mulheres, com maior incidência entre 60 e 69 anos.

A gordura no fígado é silenciosa e seus sintomas geralmente são inespecíficos, como cansaço, desconforto abdominal e pequenas alterações em exames laboratoriais. Muitas mulheres só são diagnosticadas tardiamente, quando a doença já pode estar avançada.

Alessandra Bedin destaca que, graças às discussões sobre menopausa e obesidade, e aos avanços em tratamentos, o diagnóstico e manejo dessa condição têm melhorado.

Medicamentos modernos para obesidade, como a semaglutida, têm mostrado resultados promissores para melhorar o metabolismo e a saúde hepática, ainda que não sejam uma solução milagrosa.

Terapia hormonal como aliada

A terapia de reposição hormonal (TRH) pode ser benéfica se usada dentro da “janela de oportunidade”, que corresponde a até 10 anos após a última menstruação. Após esse período, o uso do estrogênio pode perder seus efeitos protetores e até aumentar riscos cardiovasculares.

“O corpo pode perder a capacidade de reconhecer o hormônio como protetor após muito tempo sem ele, por isso é fundamental o acompanhamento médico”, alerta Alessandra Bedin.

Estudos mostram que a TRH reduz a gordura hepática, melhora a sensibilidade à insulina e auxilia no controle do colesterol e glicose. No entanto, para melhores resultados, a terapia deve ser combinada com mudanças no estilo de vida e, quando indicado, medicamentos para obesidade.

Importância do diagnóstico precoce

Por ser silenciosa, a esteatose hepática normalmente é descoberta em exames de rotina, como ultrassonografia abdominal. Em casos graves, a biópsia hepática ainda é o método padrão ouro para confirmação. Exames laboratoriais ajudam a avaliar o risco e a gravidade da doença.

“A esteatose começa anos antes do aparecimento dos sintomas”, ressalta Alessandra Bedin. Por isso, mulheres a partir dos 40 anos devem ficar atentas à saúde hepática, metabolismo, níveis de colesterol e glicemia, além dos exames preventivos habituais.

A boa notícia é que nas fases iniciais, a doença é reversível. Em estágios avançados, embora a reversão completa seja difícil, é possível melhorar a condição do fígado. Deixar a doença evoluir é o maior risco.

Manter um acompanhamento médico regular e adotar hábitos saudáveis são fundamentais para preservar a saúde do fígado durante e após a menopausa.

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