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quinta-feira, 04/12/2025

Comando Vermelho cresce na disputa por áreas no Rio

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Lucas Lacerda
São Paulo, SP (FolhaPress)

O Comando Vermelho está ampliando sua presença em áreas do Rio de Janeiro, alcançando cerca de 1,79 milhão de moradores em 2024, enquanto enfrenta outros grupos de tráfico e as milícias.

Embora as milícias ainda controlem uma área maior, com 74% do território dominado por grupos criminosos na cidade, sua influência vem diminuindo, abrangendo hoje 1,6 milhão de pessoas.

Atualmente, cerca de 4 milhões de habitantes do Rio e da região metropolitana vivem sob a influência ou domínio de organizações armadas, que ocupam uma área de 407 km², o que representa 18% da região.

Esses dados são da nova edição do Mapa Histórico dos Grupos Armados, divulgado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pelo Instituto Fogo Cruzado, com base em denúncias registradas no Disque-Denúncia.

Entre 2016 e 2020, os grupos armados, especialmente as milícias, expandiram-se rapidamente, conquistando territórios até então livres. Porém, com a diminuição dos espaços disponíveis, a competição entre facções se intensificou, tornando os confrontos mais violentos, o que preocupa a gerente de pesquisa do Instituto Fogo Cruzado, Terine Husek Coelho. Para ela, essa disputa crescente traz graves consequências para as pessoas que vivem nas áreas densamente habitadas.

Desde 2019, houve redução no número de moradores sob controle do crime, uma situação inédita segundo os pesquisadores.

O coordenador do Geni/UFF, Daniel Hirata, explica que essa retração reflete fatores diversos, como a estrutura das milícias, a crise econômica e política no estado, além do fim das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e as disputas entre o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) por rotas de tráfico de cocaína.

A expansão das milícias estava ligada ao crescimento imobiliário e da infraestrutura, especialmente na zona oeste do Rio, nos anos dos grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. As milícias atuam na construção, compra e venda de imóveis e oferecem serviços como transporte, internet e gás.

O estudo classifica as áreas controladas pelos grupos em dois tipos: aquelas sob domínio direto, com controle econômico e uso de força; e áreas de influência, onde o controle é parcial e menos firme.

Confrontar o avanço desses grupos exige compreender seu modo de atuação, distinguindo claramente entre zonas de controle e de influência, para planejar intervenções específicas e sustentáveis, destaca Terine.

Apesar da perda territorial das milícias, elas ainda dominam a maior parte da zona oeste do Rio, controlando 90% do território nessa região e influenciando 80% da população local. Na cidade, o domínio se divide entre milícias (157 km²), Comando Vermelho (34 km²), Terceiro Comando Puro (15 km²) e Amigos dos Amigos (5 km²).

Desde 2023, a disputa do Comando Vermelho para conquistar áreas das milícias tem se intensificado. Entre os motivos apontados pelas autoridades estão a morte de Rodrigo Dias, conhecido como Pokémon, líder dos milicianos em Rio das Pedras, e os planos de Edgar Alves, chamado Doca, liderança do Comando Vermelho, que percebeu o enfraquecimento das milícias.

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