São Paulo, 22 – O índice Ibovespa subiu 2,57% nesta sexta-feira, impulsionado pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que indicou a possibilidade de corte de juros nos Estados Unidos já em setembro. Isso fez com que o índice se aproximasse dos 138 mil pontos no fechamento do dia.
Durante o pregão, o Ibovespa alcançou 138.071,55 pontos, partindo dos 134.511,49 pontos na abertura, com o volume financeiro subindo para R$ 23 bilhões, após dois dias de cautela.
No acumulado da semana, o índice teve alta de 1,19%, totalizando uma valorização de 3,68% em agosto até o momento, e um ganho anual de 14,70%.
Esses resultados mostram a resiliência do mercado mesmo diante das incertezas políticas e institucionais entre Brasil e Estados Unidos, com uma boa repercussão dos resultados das empresas brasileiras, especialmente nos setores de commodities e bancos. Destacam-se as altas expressivas de Vale, Petrobras, Itaú e Banco do Brasil.
Felipe Moura, gestor da Finacap Investimentos, afirma que o mercado está reagindo positivamente às perspectivas de corte de juros nos EUA, além do fluxo de investimentos internacionais buscando oportunidades em mercados emergentes como o brasileiro.
O discurso de Jerome Powell sugeriu uma revisão na política monetária, justificando um possível corte de juros já na próxima reunião do Federal Reserve, o que anima os mercados globais e beneficia as ações brasileiras.
Lucas Carvalho, da Toro Investimentos, destaca a sinalização clara de Powell para um ajuste na política monetária devido a alterações no mercado de trabalho norte-americano, apesar dos riscos inflacionários ainda presentes.
Gustavo Cruz, da RB Investimentos, analisa que o Fed vê o impacto das tarifas como algo temporário e não espera uma pressão inflacionária duradoura que desancore as expectativas.
Bruna Centeno, da Blue3 Investimentos, explica que o Ibovespa refletiu a alta das bolsas internacionais, com o mercado já precificando inclusive uma antecipação do início do ciclo de cortes da Selic no Brasil, previsto para dezembro de 2025 em vez do primeiro trimestre de 2026.
Mesmo com o otimismo, o mercado local mantém certa cautela no curto prazo, com expectativas variadas sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo.
dólar
O dólar terminou o dia em queda de cerca de 1%, cotado em R$ 5,42, acompanhando o movimento da moeda americana no exterior impulsionado pelas declarações de Powell. O discurso dele, mais cauteloso em relação ao mercado de trabalho, indicou a iminência de corte de juros nos EUA, o que incentivou o apetite ao risco global.
Apesar disso, o real teve desempenho inferior ao rand sul-africano e peso colombiano, outras moedas emergentes beneficiadas neste movimento.
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, ressaltou que o Fed está prestes a iniciar um ciclo de cortes de juros, o que tende a valorizar o real. A principal dúvida é sobre a magnitude do primeiro corte, esperado para setembro.
Seema Shah, da Principal Asset Management, avaliou que o discurso foi acomodativo, mas não suficiente para justificar cortes maiores em curto prazo, o que preserva a estabilidade dos mercados de risco.
O Banco Central dos EUA enfrenta pressões políticas internas, situação que pode trazer tensão para os mercados.
juros
O cenário político tenso influenciou a curva de juros no Brasil, que apresentou queda generalizada após o discurso de Powell. Investidores ajustaram suas posições na expectativa de cortes nos juros americanos, que podem favorecer uma valorização do real e acelerar a redução da Selic no Brasil.
Os contratos de Depósito Interfinanceiro para os próximos anos mostraram recuos nas taxas, refletindo o otimismo do mercado.
Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset, destacou a importância do discurso do presidente do Fed no ajuste das posições, reforçando a perspectiva de corte iminente nos EUA e seu impacto potencial sobre a política monetária brasileira.
André Diniz, da Kinea Investimentos, ressaltou que, apesar do ambiente favorável, a trajetória dos juros domésticos não deverá mudar drasticamente, mas pode haver início do ciclo de flexibilização a partir de dezembro.
Os economistas do Santander apontaram que a semana foi marcada pelas incertezas políticas envolvendo os EUA, que elevaram as taxas de juros locais, embora o discurso de Powell tenha aliviado essas pressões.
A atenção do mercado na próxima semana estará focada em indicadores econômicos brasileiros e internacionais que devem influenciar os rumos da economia e dos mercados.