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quinta-feira, 31/07/2025

Com ajuda da IA, cientistas prevêem envelhecimento do cérebro

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Um exame único de ressonância magnética pode indicar a velocidade com que o cérebro envelhece, segundo estudo realizado por neurocientistas da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e publicado em julho na revista Nature Aging.

Analizando 50 mil imagens, a pesquisa destaca que a espessura do córtex cerebral e o volume da massa cinzenta são marcadores importantes para avaliar a saúde cerebral. Esses sinais estruturais podem apontar para perda de memória e risco aumentado de mortalidade devido à atrofia cerebral.

O estudo utilizou dados do projeto Dunedin, que monitora há mais de 50 anos mil voluntários na Nova Zelândia. Com base nas características do envelhecimento cerebral observadas, os pesquisadores criaram um modelo de inteligência artificial denominado DunedinPACNI para estimar o ritmo do envelhecimento biológico individual.

Para o neurologista Marco Túlio Pedatella, do Einstein Hospital Israelita em Goiânia, a ferramenta é promissora para detectar riscos de declínio cognitivo antes dos primeiros sintomas. Ele explica que, ao analisar a redução do volume da substância cinzenta e branca e a atrofia do hipocampo, o modelo prevê alterações na velocidade de processamento, lentidão motora, queda de memória e coordenação comprometida.

O modelo usa análises de imagens de ressonâncias magnéticas convencionais sem necessidade de novas tecnologias, oferecendo uma avaliação mais precisa do envelhecimento biológico do que exames de sangue ou físicos.

Limitações Clínicas Atuais

Segundo o neurologista Eduardo Zimmer, da UFRGS, a automação dessas avaliações deve ser adotada com cautela, pois o modelo foi desenvolvido apenas com cérebros neozelandeses e precisa ser validado em populações brasileiras.

Além disso, o acesso a exames de ressonância magnética no Brasil é restrito, mesmo na saúde privada. Para Victor Calil, da Academia Brasileira de Neurologia, o exame é indicado apenas em casos de queixas cognitivas, pois o envelhecimento cerebral é natural e um exame em pessoas sem sintomas pode causar ansiedade desnecessária.

Desafios para o SUS

Na atenção básica, o monitoramento do envelhecimento cerebral ocorre por meio de testes neuropsicológicos simples, que avaliam o desempenho cognitivo e motor e sinalizam casos para avaliação neurológica.

O Sistema Único de Saúde ainda não possui protocolo para uso de exames de imagem no rastreamento do envelhecimento cerebral, que exigiria capacitação de profissionais, estrutura diagnóstica e financiamento adequados, segundo Marco Túlio Pedatella.

Prevenção

Manter a saúde cerebral envolve controle de doenças cardiovasculares, aprendizagem constante, prática regular de exercícios, alimentação equilibrada e boa qualidade do sono, que reduzem riscos a longo prazo.

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