O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta terça-feira (11/11) que suspendeu o envio de dados de inteligência às agências de segurança dos Estados Unidos. A decisão, segundo o líder colombiano, permanecerá em vigor enquanto persistirem os ataques a embarcações no Caribe, que, de acordo com ele, são realizados por forças norte-americanas.
Em mensagem postada no X (antigo Twitter), Petro declarou que todas as unidades de inteligência da polícia colombiana receberam orientação para cessar as comunicações e interações com os EUA. Ele explicou que o combate ao narcotráfico deve respeitar os direitos humanos das comunidades caribenhas.
“Todas as instâncias de inteligência policial receberam ordens para suspender quaisquer comunicações e demais interações com as agências de segurança dos Estados Unidos. Essa medida ficará vigente enquanto continuarem os ataques com mísseis contra embarcações no Caribe. A luta contra as drogas deve estar alinhada aos direitos humanos do povo caribenho”, afirmou Petro.
No domingo anterior (9/11), Petro já havia criticado as operações militares no Caribe, afirmando que a região enfrenta um período de “barbárie”. Em seu discurso, o presidente pediu que a Europa e a América Latina atuem como “farol democrático”, numa referência indireta às ações conduzidas pelo governo de Donald Trump.
A decisão da Colômbia ocorreu após a CNN Internacional revelar que o Reino Unido também optou por suspender parcialmente o compartilhamento de informações de inteligência com os Estados Unidos, motivado pelas mesmas operações no Caribe.
Relações em Declínio
As relações entre Bogotá e Washington vinham se deteriorando recentemente. Petro tem criticado duramente a atuação dos EUA na zona caribenha, chegando a acusar o governo norte-americano de homicídio durante as operações.
O clima diplomático piorou após declarações do presidente Donald Trump, em 19 de outubro, quando chamou Gustavo Petro de “traficante ilegal de drogas” e o acusou de estimular a “produção em massa” de entorpecentes na Colômbia.
Trump também afirmou que Petro é “mal avaliado” e “pouco popular”, alertando que, caso o colombiano não encerrasse as operações contra as drogas, os Estados Unidos fariam isso por ele, de forma não amigável.
Ao fim de outubro, o presidente norte-americano anunciou sanções contra o chefe do Executivo colombiano, a primeira-dama Verônica del Socorro, o filho mais velho do mandatário, Nicolas Petro, e o ministro do Interior, Armando Benedetti.
Em nota divulgada na rede X, o Departamento do Tesouro dos EUA alegou que a decisão foi tomada devido ao envolvimento de Petro em atividades relacionadas com o tráfico internacional de drogas.
