Neste ano, mais de 47 mil toneladas de materiais foram coletados para reciclagem no Distrito Federal até setembro. Porém, apenas 41% desse material foi realmente reaproveitado, um índice menor que os 54% registrados em 2024, quando foram recolhidas mais de 58 mil toneladas. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU-DF) mantém 53 contratos ativos com 31 cooperativas e associações de catadores, entre elas 22 dedicadas à coleta seletiva inclusiva e 31 focadas na triagem de materiais recicláveis, sendo que algumas também realizam a coleta.
Mesmo com essa estrutura, o SLU enfrenta dificuldades para aumentar a reciclagem no DF. Os principais problemas são a baixa participação da população na separação correta dos resíduos, o descarte de recicláveis misturados a resíduos orgânicos e rejeitos, e a contaminação dos materiais, o que impossibilita a triagem pelas cooperativas. Estima-se que cerca de 25% dos resíduos que chegam ao Aterro Sanitário de Brasília poderiam ser reciclados, mas acabam descartados inadequadamente.
Para ajudar os moradores, o aplicativo “SLU Coleta DF” informa os dias e horários de coleta, pontos de entrega voluntária e orientações sobre como separar corretamente os materiais. De janeiro a setembro, o app registrou mais de 73 mil atendimentos, enquanto as mobilizações feitas por empresas contratadas atenderam mais de 100 mil pessoas. O SLU destaca que a colaboração dos cidadãos é fundamental para melhorar esses números. A recomendação é separar os resíduos em duas categorias: recicláveis (papel, papelão, plástico, metal e embalagens) e orgânicos ou rejeitos, colocando cada tipo para coleta nos dias certos para a região.
A coleta seletiva é importante para o meio ambiente e para a cidade. Ela ajuda a aumentar o tempo de uso do Aterro Sanitário de Brasília, reduz os custos com aterro e limpeza urbana e permite que matérias-primas tenham um ciclo de vida maior. Do ponto de vista social, o programa gera emprego e renda para milhares de catadores organizados em cooperativas, promove cidadania e incentiva práticas mais sustentáveis.
Nas cooperativas, o trabalho começa assim que o caminhão descarrega o material. Leidinha Santos, presidente da cooperativa Coopere, explica que o processo inclui colocar o material na esteira e a separação feita por cerca de 26 mulheres. Esse cuidado garante que os resíduos sejam prensados ou vendidos já organizados para as indústrias.
A Coopere não transforma os materiais, apenas realiza a separação correta antes de enviá-los para a indústria. A garrafa PET, por exemplo, é 100% reciclável e volta ao mercado totalmente reaproveitada. A cooperativa possui 50 membros e dois motoristas, funcionando desde o fechamento do antigo lixão da Estrutural, onde antes cada catador trabalhava por conta própria. A organização formal ocorreu há cerca de oito anos, com o apoio do governo que forneceu um galpão para as atividades.
Leidinha destaca que a separação do material por parte da população é fundamental. A cooperativa separa entre 47 e 60 toneladas de resíduos por mês, o que ajuda a prolongar a vida útil do aterro. No entanto, o reconhecimento dos catadores pela população ainda é insuficiente. Apesar dos esforços, cerca de 7 toneladas diárias dos resíduos coletados não podem ser recicladas devido à contaminação originada pela mistura inadequada dos resíduos.
Para melhorar a coleta seletiva, é necessário que a sociedade se conscientize sobre o que pode ser reciclado e os impactos do descarte incorreto. Leidinha alerta que um aterro saturado traz sérios problemas ambientais, contaminando água, solo e vegetação. A qualidade da reciclagem depende diretamente da participação e educação dos cidadãos.

