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sábado, 20/12/2025

Cnu 2 busca servidor generalista com respostas rápidas, dizem especialistas

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Em Brasília

FELIPE GUTIERREZ
FOLHAPRESS

O concurso CNU 2025 (Concurso Nacional Unificado), que realizou sua segunda fase no domingo (7), procurou um profissional com perfil generalista e apto a se adaptar ao longo do tempo, segundo especialistas em seleção para o serviço público.

De acordo com João Victor Guedes-Neto, professor da FGV Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas), o objetivo do concurso é contratar pessoas para trabalhar no Estado por muitos anos. A intenção não é apenas escolher quem tenha habilidade imediata para uma função específica, mas sim indivíduos que possam se ajustar às mudanças e resolver problemas rapidamente.

Ele explica que o Estado já possui uma base técnica sólida e pretende qualificar internamente esses novos servidores. “As políticas públicas estão mais intersetoriais e os desafios mais instáveis, por isso é essencial ter servidores que permaneçam no serviço público por décadas, o que exige adaptabilidade”, destaca.

Guedes-Neto acrescenta que a prova avaliou o conhecimento técnico dos candidatos, mas também sua capacidade de reagir a situações inéditas.

Por exemplo, uma das questões pediu para descrever diferentes tipos de emenda parlamentar e o papel das organizações da sociedade civil (OSCs), além de elaborar uma estratégia para captar recursos considerando os desafios de coordenação entre o Executivo, o Legislativo e o terceiro setor.

Outra questão discutiu o uso de memes na comunicação digital, abordando riscos éticos e institucionais, e solicitou uma estratégia para comunicar temas delicados a jovens.

Guedes-Neto afirma que ainda é cedo para avaliar se a estratégia do CNU para aumentar a participação feminina na segunda fase será eficaz.

Ele ressalta que apenas se pode afirmar que houve uma intenção institucional, mas que é necessário aguardar para ver os resultados concretos.

Júlia Branco, professora do Estratégia Concursos, observa que muitas perguntas pediam exemplos, soluções e propostas para problemas, refletindo a preferência da banca examinadora.

Ela destaca que as questões não eram necessariamente difíceis em conteúdo, mas exigiam alto nível de reflexão, argumentação e capacidade de organizar ideias.

“Ficou claro que a intenção era selecionar candidatos com visão ampla sobre o funcionamento dos serviços públicos, a implementação de políticas e o uso correto dos recursos para corrigir desigualdades históricas”, afirma.

Breve Análise

Eduardo Cambuy, professor do Gran Concursos, comenta que o governo está focado mais em escolher um perfil de candidato do que em competências técnicas específicas.

Ele observa que algumas questões reuniam muitos temas diferentes e que, embora o edital prevesse só perguntas objetivas em certos blocos, a prova exigiu respostas argumentativas.

Nos blocos para ensino superior, cada prova teve duas questões discursivas; já para ensino médio, era um texto de argumentação.

Cambuy destaca que as respostas precisavam abordar muitos pontos, mas o espaço era limitado a 30 linhas, o que pode deixar as respostas superficiais. “Se a avaliação for rigorosa, as notas podem ser baixas para todos, pois é difícil atender a todos os requisitos, ou a correção pode ser mais flexível.”

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