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terça-feira, 02/09/2025

Clínica Liberte-se operava sem permissão e vistoria antes do incêndio no Paranoá

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A Comunidade Terapêutica Liberte-se, onde um incêndio matou cinco pessoas e feriu 11 na madrugada de domingo (31/8), no Núcleo Rural Desembargador Colombo Cerqueira, no Paranoá, estava funcionando sem ter autorização oficial e sem a vistoria do Corpo de Bombeiros, que nunca foi feita. Essa informação foi confirmada pelo dono, Douglas Costa de Oliveira Ramos, de 33 anos, em depoimento à Polícia Civil.

Coletiva de imprensa

Em entrevista nesta segunda-feira (1), o delegado-chefe da 6ª Delegacia de Polícia, Bruno Carvalho, informou que os depoimentos das testemunhas já mostram irregularidades. “Se isso se confirmar, há punição criminal para essa conduta, e o responsável responderá por ela”, disse.

Segundo ele, pacientes relataram falta de profissionais durante o tratamento e uso de medicamentos não prescritos. “Algumas testemunhas disseram que não havia médicos no local. Também não tinham técnicos de enfermagem nem psicólogos. Isso ainda será confrontado com outras informações e evidências que estamos coletando”, explicou.

O delegado não descartou a possibilidade de terceiros terem provocado o fogo. “Esperamos o resultado das investigações para saber se houve ou não intervenção externa. O comportamento do proprietário pode ajudar a entender se ele pode ser responsabilizado pelo ocorrido, seja de forma intencional ou por negligência. Tudo isso será avaliado junto com outras provas coletadas”, destacou.

Sobre a hipótese de falha elétrica causar o incêndio, o delegado comentou: “O carregador foi uma possibilidade considerada, mas apenas com a perícia e um laudo oficial poderemos formalizar isso no inquérito policial.”

Ele também comentou a investigação sobre possível cárcere privado. “Neste momento inicial, o cárcere privado é um crime que estamos apurando. Se ele pode se transformar em homicídio, isso ainda está sendo investigado. Este é o ponto de partida”, afirmou.

Atuação do Ministério Público

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) havia pedido informações sobre a clínica em junho, mas não recebeu resposta. Nesta segunda-feira (1º/9), enviou novos pedidos ao Conselho de Política sobre Drogas (Conen/DF), ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren/DF), à Vigilância Sanitária e ao Corpo de Bombeiros, solicitando documentos sobre licenciamento, fiscalização e composição do quadro técnico.

Segundo o órgão, a unidade estava funcionando sem autorização formal e será responsabilizada civil e criminalmente.

DF Legal

A DF Legal informou que fiscalizou a clínica no ano passado na Chácara 470, onde as licenças estavam válidas. O incêndio ocorreu, porém, na Chácara 420, endereço não previsto no licenciamento da instituição. A secretaria investiga se houve mudança ilegal de local ou expansão sem autorização.

Na vistoria mais recente, auditores constataram que a licença da unidade 470 venceu no mês passado, tornando o funcionamento irregular. Já o endereço da 420 nunca teve autorização. Nesta segunda-feira, a unidade da 470 foi interditada, e a DF Legal vai comunicar a Polícia Civil para possíveis novas autuações.

Nota oficial

Em nota, a direção da Comunidade Terapêutica Liberte-se lamentou o ocorrido e disse que está colaborando com as investigações. O incêndio causou cinco mortes e 11 feridos, alguns internados nos hospitais regionais de Sobradinho (HRS) e da Região Leste, no Paranoá (HRL).

As causas do fogo e denúncias de maus-tratos continuam sendo investigadas pela Polícia Civil.

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