A previsão é que em 2026 não haja uma influência expressiva de fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, o que pode colaborar para a diminuição dos juros no Brasil. A estabilidade climática pode favorecer a produção agrícola, garantindo uma safra regular e contribuindo para a estabilidade dos preços dos alimentos.
A queda dos juros está diretamente ligada à inflação, que precisa atingir a meta central de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Em novembro, a inflação acumulada em 12 meses foi de 4,46%. Os alimentos representam uma parcela significativa da inflação, influenciando assim a possibilidade de redução da taxa.
O que é o IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE desde 1979, é o indicador oficial da inflação usado pelo Banco Central para ajustar a taxa básica de juros, a Selic. Ele mede a variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços comparando com o mês anterior, abrangendo aproximadamente 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas no Brasil.
O IPCA avalia preços de categorias como transporte, alimentação, habitação, saúde, educação, comunicação, vestuário e outros.
Atualmente, a Selic está em 15%, conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em reunião realizada no dia 10 de dezembro.
O Relatório de Política Monetária do BC, divulgado em 18 de dezembro, destaca que a queda da inflação em 2025 está concentrada principalmente em bens industriais e alimentos, beneficiada pela valorização do real e pelas condições climáticas favoráveis à produção agrícola.
Perspectiva para o clima em 2026
Diogo Abry Guillen, diretor de Política Econômica do Banco Central, afirmou que o BC trabalha com a expectativa de que o clima não prejudique a produção agrícola em 2026. Ele mencionou a possibilidade de um La Niña moderado e condições climáticas próximas das médias históricas.
Os fenômenos climáticos El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal do Oceano Pacífico, e La Niña, pelo resfriamento, impactam as chuvas e temperaturas, influenciando a agricultura em várias regiões do país.
Apesar do clima favorável, o BC acredita que a safra de 2026 será menor que a de 2025. Guillen ressaltou que a safra deste ano foi excepcionalmente boa, mas o crescimento futuro deverá ser menos expressivo, o que também é a expectativa do IBGE.
O IBGE projeta a colheita de 345,9 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2025, com uma queda de 2,95% para 335,7 milhões de toneladas em 2026.
O recorde atual de 2025 representa um aumento de 18,2% em relação a 2024, quando foram colhidas 292,7 milhões de toneladas.
Inflação para 2024 e projeções para 2026
Em 2024, o grupo de alimentação e bebidas teve o maior impacto na inflação, com alta acumulada de 7,69% em 12 meses e contribuição de 1,63 ponto percentual para o IPCA oficial.
Para 2026, o Ministério da Fazenda projeta uma inflação acumulada de 3,5%, enquanto o mercado, segundo o Boletim Focus, estima um índice de 4,10%.

