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domingo, 07/12/2025

Cientista transforma pensamentos em palavras com ressonância magnética

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Um cientista no Japão criou uma técnica que usa exames cerebrais e inteligência artificial para converter imagens mentais em frases claras.

Embora já existam avanços para transformar palavras pensadas em texto com exames cerebrais, traduzir as imagens mentais complexas em linguagem tem sido difícil, segundo Tomoyasu Horikawa, que publicou um estudo em novembro na revista Science Advances.

A nova técnica, chamada “legendagem mental”, utiliza IA para gerar textos descritivos que refletem informações do cérebro sobre objetos, lugares, ações e eventos, além das relações entre eles.

Horikawa, pesquisador da empresa de telecomunicações NTT próxima a Tóquio, analisou a atividade cerebral de seis participantes enquanto assistiam a videoclipes variados.

Modelos de IA converteram as legendas desses vídeos em sequências numéricas, e decodificadores foram treinados para associar essa atividade cerebral a essas sequências.

Esses decodificadores interpretaram a atividade cerebral ao assistir ou lembrar vídeos desconhecidos, e outro algoritmo gerou sequências de palavras correspondentes.

À medida que a IA aprendia, a ferramenta ficou melhor em descrever com precisão os vídeos vistos pelos participantes.

“Este é um avanço na direção da leitura da mente,” disse à CNN o professor Marcello Ienca, especialista em ética de IA e neurociência na Universidade Técnica de Munique.

Possíveis benefícios para a saúde

A IA gerou textos em inglês, mesmo para participantes não fluentes no idioma.

O método pode criar descrições detalhadas sem depender da parte do cérebro ligada à linguagem, o que sugere potencial para ajudar pessoas com danos nessas áreas.

Essa tecnologia pode beneficiar pacientes com afasia, que têm dificuldades para se expressar, ou com esclerose lateral amiotrófica, doença neurodegenerativa que afeta a fala, segundo o estudo.

Scott Barry Kaufman, psicólogo do Barnard College em Nova York, comentou que a técnica pode abrir caminho para intervenções para quem tem dificuldades de comunicação, incluindo autistas não verbais.

Desafios éticos e de privacidade

Essa abordagem levanta preocupações sobre a privacidade, pois pode revelar pensamentos antes que a pessoa os verbalize, alertam os especialistas.

Ienca destacou a importância de regras rígidas para o acesso às informações cerebrais, já que os dados incluem sinais sensíveis como indicadores de demência e transtornos psiquiátricos.

Um estudo recente sugere mecanismos para proteger a privacidade, como ativar a leitura cerebral apenas quando o usuário desejar.

Łukasz Szoszkiewicz, cientista social da Universidade Adam Mickiewicz, enfatiza que os dados neurais devem ser tratados como sensíveis e controlados pelo usuário, além da necessidade de uma regulamentação específica para IA.

Segundo Horikawa, o método atual exige muito tempo e cooperação dos participantes, e ainda não é preciso para uso prático, especialmente com imagens mentais imprevisíveis.

Assim, embora haja preocupações, a tecnologia atualmente não consegue ler pensamentos privados com facilidade.

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