Laila Nery e Aguirre Talento
São Paulo, SP, e Brasília, DF (UOL/ FolhaPress)
O tenente-coronel e ex-assistente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, afirmou em depoimento à Polícia Federal que não utilizou um perfil no Instagram para compartilhar detalhes da sua delação com o advogado Eduardo Kuntz, defensor do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro.
Cid reafirmou que não usou o Instagram. Ele foi à PF prestar depoimento nesta terça-feira (24). A informação foi veiculada pelo jornal O Globo e confirmada pela reportagem.
O perfil está associado ao e-mail maurocid@gmail.com. Para abrir uma conta no Instagram, o usuário precisa validá-la por e-mail. Na última segunda-feira, a Meta, dona da plataforma, encaminhou, a pedido do STF, um documento detalhando a propriedade da conta e os endereços IP dos dispositivos que acessaram o perfil. O material não inclui as supostas conversas entre Cid e Kuntz.
O depoimento foi colhido após a abertura de inquérito a pedido da defesa. Cid solicitou, há duas semanas, que a titularidade do perfil fosse investigada. Na ocasião, o ministro Alexandre de Moraes estabeleceu um prazo de 15 dias para que ele fosse ouvido pela Polícia Federal.
Há duas semanas, Cid já havia negado qualquer diálogo com o advogado. Durante o interrogatório no STF, o advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, perguntou se ele conhecia o perfil “gabrielar702”. Cid respondeu que Gabriela é o nome de sua esposa, mas disse não saber se a conta pertencia a ela.
Nas conversas divulgadas, Cid teria manifestado críticas ao andamento do acordo de delação premiada. Em mensagens publicadas pela revista Veja, ele teria expressado ao Kuntz o receio de retornar à prisão caso denunciasse possíveis irregularidades no acordo e teria afirmado, por exemplo, não ter utilizado o termo “golpe” durante os depoimentos. Os áudios sugerem que essa palavra foi atribuída a Cid pelos próprios investigadores.