Córregos transbordaram no Ipiranga e deixaram bairro em alerta. No dia mais chuvoso do ano, mais de 60 árvores caíram na Grande SP.
A forte chuva que atingiu São Paulo causou enchentes, derrubou mais de 60 árvores, deixou pessoas ilhadas, provocou congestionamento acima da média e o transbordamento de córregos nesta terça-feira (8).
Segundo o CGE, esta terça foi o dia mais chuvoso do ano na capital, com 62,3 mm. Desde o começo do mês, choveu 79,5 mm, 18,6% a mais do que a média esperada para todo setembro, que era de 67 mm.
Durante a maior parte da tarde, toda a cidade ficou em estado de atenção para alagamentos, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura. A situação só normalizou às 20h35.
O município de Osasco, na Grande São Paulo, também foi afetado com as chuvas: diversas ruas ficaram alagadas, deixando moradores ilhados.
Confira, abaixo, os principais problemas causados pelo temporal:
Trânsito
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) chegou a registrar, às 19h15, 184 km de lentidão. O índice é muito acima da média registrada no horário, que varia entre 78 km e 114 km.
A Marginal Tietê, na pista local, sentido Ayrton Senna, teve 18,2 km de lentidão desde a Rodovia Castello Branco. Outra via muito movimentada foi a Avenida 23 de Maio, sentido Aeroporto de Congonhas, com 8,6 km de lentidão desde a Praça da Bandeira.
Alagamentos
A Defesa Civil declarou estado de atenção para o risco de alagamentos em toda a cidade de São Paulo na tarde desta terça. Por volta das 17h, os córregos Ipiranga e dos Meninos, na Zona Sul, transbordou, alagando a Rua Abraão de Moraes com a Rua Ribeiro Lacerda.
A Subprefeitura do Ipiranga ficou durante quase duas horas em estado de alerta. Desde a madrugada, a Prefeitura registrou, em toda a cidade, 53 pontos de alagamento, sendo 39 transitáveis e 14 intransitáveis.
O Corpo de Bombeiros foi chamado para resgatar pessoas que ficaram ilhadas por causa de inundações. A primeira ocorrência foi registrada na Rua Quintino da Cunha, em Cidade Líder, bairro da Zona Leste de São Paulo. As quatro pessoas foram retiradas.
Caso semelhante foi registrado em Osasco. Um carro com duas pessoas foi arrastado pela correnteza na Avenida dos Autonomistas. Na cidade foram registrados pontos de alagamento intransitáveis também na Avenida Presidente Médici, no bairro Vila Baronesa, e na Avenida Cruzeiro do Sul, no Jardim Rochdale.
A corporação informou também que resgatou uma pessoa que se afogou no piscinão de São Bernardo do Campo, no ABC.
Árvores
O Corpo de Bombeiros registrou, desde o início do temporal, queda de 64 árvores, sendo 45 só na capital, principalmente nos bairros do Mandaqui, Carrão, Tatuapé, Casa Verde Pinheiros, Centro, além da cidade de Osasco.
Uma das árvores atingiu um carro na Rua Rodésia, 200, em Pinheiros, na Zona Oeste. Uma pessoa ficou presa dentro do veículo. A vítima sofreu fratura no fêmur, foi retirada consciente e levada para um hospital.
O coordenador de TI João Paulo Monteiro Fiori trabalha em um prédio na Avenida Brigadeiro Luis Antônio e registrou o bloqueio da via na altura do número 487 por causa da queda de uma árvore. Ele contou que ventava muito e chovia forte no momento da queda, mas nenhum pedestre ou carro foi atingido. “Não sei como isso não ocorreu [atingir alguém], é um local de grande movimento”, disse.
CPTM e Metrô
A circulação de composições da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi afetada pela chuva. Três linhas operaram com velocidade reduzida e maior tempo de parada nas estações: 7-Rubi, 9-Esmeralda e 10-Turquesa.
No Metrô, as linhas 2-Verde, 3-Vermelha e 5-Lilas funcionavam com velocidade reduzida. A Estação Palmeiras-Barra Funda, da Linha, teve uma de suas saídas alagadas. O estudante Eliotério Valentim disse que sempre que chove, o local enche de água e os passageiros acabam molhando os calçados. Ele disse que percebeu um dos ralos entupidos.
Aeroportos
O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, operou durante a tarde com auxílio de instrumentos. O mesmo aconteceu com Congonhas, na Zona Sul da capital.
As rajadas de vento chegaram a 83 km/h às 17h no aeroporto de Guarulhos, de acordo com o CGE. Um pouco antes houve registro de ventos de 72 km/h na cidade.
Falta de luz
A Eletropaulo informou que, por causa do temporal, 70 circuitos elétricos foram desligados por conta da ventania e da queda de árvores na rede. “Além das nossas equipes de atendimento de emergências, foram acionadas equipes que estavam de folga, turmas que trabalham em obras, perdas comerciais e demais serviços técnicos para trabalharem até que o fornecimento de energia seja normalizado”, disse a empresa em nota.
“Há equipes com dificuldade de deslocamento por conta dos alagamentos”, completou o comunicado. A chuva deixou alguns bairros às escuras em Osasco.
Desabamento
Até as 18h, equipes dos bombeiros foram chamadas para sete desabamentos de muros, telhados e barrancos. Nenhuma delas teve vítimas.
Reservatórios
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o acumulado de chuvas atingiu quase um terço do previsto para todo mês em 18 horas.
O CGE apurou que, nos oito primeiros dias do mês, choveu em São Paulo 37 mm, 55% do total esperado para setembro (67 mm).
A chuva foi a maior desde o dia 28 de agosto eajudou os reservatórios de água que abastecem a Grande São Paulo. O Guarapiranga, na Zona Sul da capital, foi o maior beneficiado, indo de 66,5% para 67,2% de sua capacidade.
Nesta terça-feira (8), os sistemas Alto Cotia, Alto Tietê e Rio Grande também aumentaram a quantidade de água armazenada, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
No Sistema Alto Tietê, que vive estado crítico e que tinha quedas de nível há 40 dias, a elevação foi de 13% para 13,1%.
Já o nível do Sistema Cantareira ficou estável nesta terça-feira, pelo segundo dia seguido. As represas operam com 15% da capacidade, mesmo percentual registrado no domingo (6) e na segunda-feira (7), segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).