A recente suspensão de cinco unidades exportadoras brasileiras de soja pela China provocou críticas ao setor agrícola do Brasil dentro do governo dos Estados Unidos. Em reunião de gabinete com o presidente Donald Trump na terça-feira (2/11), a secretária de Agricultura, Brooke Rollins, mencionou o caso como exemplo de problemas de qualidade da soja brasileira, destacando que isso evidencia que os EUA produzem a soja de melhor qualidade do mundo.
O episódio ocorreu após o Ministério da Agricultura do Brasil informar que autoridades chinesas bloquearam o envio de cargas de cinco unidades exportadoras, devido à presença de trigo tratado com pesticida no porão de um navio que transportava 69 mil toneladas do grão brasileiro. No entanto, o ministério minimizou o impacto: “Trata-se de cinco estabelecimentos entre mais de 2 mil autorizados para exportar soja à China”.
Brooke Rollins enfatizou: “Recentemente, a China anunciou a interrupção das compras do Brasil por irregularidades em alguns carregamentos de soja, o que demonstra que os Estados Unidos e seus agricultores produzem a soja da mais alta qualidade”.
Conflito da soja
A China reduziu significativamente a importação de soja dos EUA como retaliação às tarifas impostas por Trump sobre produtos chineses. Em 2024, o país asiático adquiriu mais de US$ 12 bilhões em soja norte-americana; entretanto, em setembro de 2025, as importações foram zeradas. Pequim condicionou a retomada das aquisições ao fim das chamadas “taxas irracionais”.
Atualmente, produtos chineses enfrentam uma tarifa de 30% para entrar nos EUA, enquanto as mercadorias americanas pagam 10% ao entrarem na China. Com essa situação, Argentina e Brasil aumentaram a oferta de soja para o mercado chinês, e a Argentina chegou a suspender temporariamente impostos sobre exportações para incentivar as vendas.
China retoma compras
No mesmo período em que restringiu parte da soja brasileira, a China realizou sua maior aquisição do produto norte-americano desde janeiro, comprando pelo menos 14 cargas em novembro, totalizando 840 mil toneladas negociadas pela estatal chinesa Cofco, com embarques previstos para dezembro e janeiro.
Essa decisão está relacionada aos compromissos firmados na cúpula de Busan entre Trump e Xi Jinping, no final de outubro.
O Ministério da Agricultura brasileiro reforçou que mantém uma relação forte e estratégica com a China e que as discordâncias são resolvidas com transparência e eficiência.

