A China condenou nesta quarta-feira (15/10) a ofensiva militar dos Estados Unidos contra uma embarcação pesqueira venezuelana no Caribe. Em meio ao aumento das tensões entre Pequim e Washington, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, acusou o governo americano de “ultrapassar unilateralmente os limites legais razoáveis” e de interferir nos assuntos internos da América Latina.
Durante a coletiva, Jian descreveu a ação como uma “transgressão das normas internacionais” e um “excesso unilateral” que prejudica a estabilidade regional.
“A China é contra o uso da força ou ameaças nas relações internacionais e reprova a interferência externa nos assuntos da Venezuela por qualquer motivo”, declarou.
O governo chinês também reiterou seu apoio à declaração que reconhece a América Latina e o Caribe como uma “Zona de Paz” e enfatizou que a cooperação internacional contra o crime transnacional deve respeitar a soberania dos países.
Pequim pediu que os EUA utilizem “mecanismos jurídicos bilaterais e multilaterais” para tratar da segurança marítima, ao invés de agir isoladamente.
Contexto do ataque
A declaração chinesa veio um dia após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma nova ofensiva contra uma embarcação venezuelana.
Segundo as autoridades americanas, o barco — identificado como Carmen Rosa — estaria vinculado ao tráfico de drogas e foi bombardeado dentro da Zona Econômica Exclusiva da Venezuela.
De acordo com a versão dos EUA, seis “narcoterroristas” foram eliminados na ação conduzida por um contratorpedeiro da Marinha dos EUA, sem nenhum militar norte-americano ferido.
Este evento elevou para 27 o total de mortos em cinco ataques semelhantes feitos por Washington desde agosto na costa venezuelana.
Por sua vez, a Venezuela repudiou a ofensiva, classificando-a como uma “ação criminosa” contra civis e acusando os EUA de usar o combate às drogas como pretexto para agressões militares e para reforçar a narrativa do país como um “narcoestado”.
Tensão na região
O bombardeio aumentou a tensão no Caribe, onde os EUA reforçaram sua presença com uma frota naval e um submarino nuclear, alegando combater o tráfico de drogas. Em resposta, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou exercícios militares em Caracas e no estado de Miranda, alertando que o país está em estado de máxima vigilância frente às ameaças americanas.
A crise diplomática entre China e Estados Unidos também se intensificou. Antes da condenação oficial de Pequim ao ataque, Trump voltou a criticar a China, acusando-a de prejudicar os agricultores dos EUA ao interromper a compra de soja americana, ameaçando encerrar os pactos comerciais com o governo chinês como forma de retaliação.