A tensão na disputa comercial entre as duas maiores economias globais cresceu substancialmente nos últimos dias. Na quinta-feira passada (9/10), a China anunciou restrições adicionais nas exportações de tecnologias relacionadas a terras raras.
Em resposta no dia seguinte, Trump declarou que os Estados Unidos aplicariam tarifas extras de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro ou antes. Ele também impôs controles à exportação de qualquer software considerado crítico a partir da mesma data.
Esse anúncio impactou negativamente os mercados e colocou em dúvida uma possível reunião entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping na Coreia do Sul.
Um porta-voz do Ministério do Comércio da China afirmou: “Quanto às guerras tarifárias e comerciais, nossa posição permanece inalterada. Se desejarem guerra, lutaremos até o fim, mas nossas portas continuam abertas para negociação.”
O porta-voz destacou que as novas restrições sobre terras raras fazem parte de uma política legítima chinesa para reforçar seu sistema de controle, conforme as leis vigentes, sublinhando o compromisso da China com a segurança nacional e internacional.
Novas taxas sobre navios
China e Estados Unidos decidiram mutuamente cobrar sobretaxas portuárias para empresas de transporte marítimo que operam produtos variados, de brinquedos a petróleo bruto, aumentando o clima de incerteza sobre a possibilidade de um acordo sólido entre as potências.
A partir de terça-feira (14/10), navios chineses terão que pagar taxas elevadas para atracar em portos americanos, visando revitalizar a indústria naval dos Estados Unidos. Navios fabricados na China ou pertencentes a entidades chinesas terão tarifas específicas, afetando também armadores ocidentais com frotas construídas na China.
Para os Estados Unidos, o objetivo é enfrentar a hegemonia chinesa na construção naval e impulsionar seus estaleiros, que atualmente representam apenas 0,1% da construção naval mundial.
Uma investigação durante o governo de Joe Biden apontou que a China utilizava práticas desleais para dominar os setores de frete, logística e construção naval, justificando as sanções americanas.
Retaliação chinesa
Como retaliação, a China anunciou que começará a cobrar taxas sobre navios e operadores americanos que atracarem em portos chineses, incluindo embarcações de propriedade, operadas ou construídas nos Estados Unidos ou que naveguem sob sua bandeira. Há isenção para navios construídos na China.
Essas medidas provavelmente terão um impacto maior na China, que depende mais do comércio marítimo, enquanto os Estados Unidos têm uma participação menor na construção naval comercial. Contudo, a escalada tensiona ainda mais o comércio global, já afetado pelas tarifas alfandegárias impostas por Donald Trump.
Bolsas em queda
As principais bolsas europeias abriram em baixa nesta terça-feira em resposta ao aumento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, com quedas no índice CAC 40 em Paris, FTSE 100 em Londres e DAX em Frankfurt.