À Bloomberg, autoridades chinesas disseram que Joe Biden “trabalhará com aliados para nos atingir”, enquanto Trump “está destruindo alianças”
Autoridades do governo da China afirmaram à Bloomberg que apoiam mais quatro anos de gestão Trump nos Estados Unidos, apesar da disputa ininterrupta travada pelo presidente americano com o país asiático desde sua primeira vitória, em 2016.
As razões para o apoio, no entanto, não são amigáveis: segundo oficiais chineses, mais quatro anos de governo Trump podem culminar com a “erosão das alianças americanas” e, assim, superar “qualquer dano causado à China decorrente de disputas comerciais e instabilidade geopolítica”.
“Se [Joe] Biden for eleito, acredito que isso poderia ser mais perigoso para a China, porque ele trabalhará com aliados para nos atingir, enquanto Trump está destruindo alianças dos EUA”, disse Zhou Xiaoming, um ex-negociador chinês e ex-representante em Genebra à Bloomberg. Outras quatro autoridades afirmaram ter o mesmo sentimento.
Segundo relatos de americanos, nas últimas semanas aumentaram os contatos de chineses influentes com intenção de obter informações sobre quem vencerá o pleito eleitoral, marcado para novembro.
Apesar da inclinação para Trump, algumas autoridades chinesas se perguntam sobre a estabilidade dos EUA se ele permanecer por mais quatro anos no poder. Eles apontam o aumento de casos de coronavírus e os protestos contra a violência policial como riscos para o país ocidental. “Os EUA como a conhecemos podem não existir mais”, disse Gao Zhikai, ex-diplomata e intérprete chinês.
Mesmo que a presidência de Biden se mostre mais difícil para a China, duas autoridades disseram que ele poderia abrir mais áreas de cooperação, como restaurar a participação dos EUA no acordo do clima de Paris. “Ele apoia o trabalho como mudança climática e a reforma da OMC”, disse Wang. “Existem áreas em que podemos cooperar.”
Em um nível mais pessoal, algumas autoridades chinesas envolvidas em negociações comerciais com o governo Trump apoiam uma vitória de Biden simplesmente para que possam passar mais tempo com suas famílias, segundo afirmou uma pessoa familiarizada com o assunto à Bloomberg.
Todos concordam, contudo, que pode ser difícil escapar do padrão de confronto, independentemente de quem vencer. “Atualmente, na China, está se tornando cada vez mais claro para o povo quais são os objetivos dos EUA”, disse Zhou, ex-representante chinês em Genebra. “Ainda não chegamos à hora mais sombria do relacionamento”, completou.
