Estrategistas identificaram correlação maior entre índice da moeda americana e “ativos de reflação” chineses
(Bloomberg) Grande parte do foco nos mercados de câmbio agora está voltado para a expectativa de desaceleração dos aumentos de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o que tem contribuído para a fraqueza do dólar. Ainda assim, o maior fator de impacto para a moeda americana pode estar do outro lado do mundo: na China.
Essa é a opinião de estrategistas do Bank of America (BofA), que rastrearam um indicador de “ativos de reflação” chineses em relação a um índice da moeda americana. A correlação entre os dois, que se estreitou desde novembro, sugere que a percepção sobre a abertura da China após os lockdowns de Covid-19 continuará a influenciar o dólar.
“A recuperação da visão de reflação da China provavelmente foi um importante fator de depreciação do dólar, potencialmente mais do que os juros nos EUA, que não caíram muito”, escreveram os estrategistas Adarsh Sinha e Janice Xue em nota na terça-feira, 17.
O índice ICE US Dollar, que monitora o dólar em relação a outras seis moedas, caiu cerca de 10% desde setembro, quando atingiu o maior nível em 20 anos. Um indicador da Bloomberg que mede a força do dólar se desvalorizou aproximadamente na mesma escala nesse período.
As oscilações ganharam ritmo em novembro, quando a retomada mais rápida do que o esperado da mobilidade na China puxou a demanda por ativos sensíveis ao risco. A redução das expectativas de inflação nos EUA também acelerou a queda do dólar neste ano com a venda por fundos do ativo, considerado o refúgio preferido no ano passado.
Algumas moedas oscilaram acima do esperado em relação ao dólar, de acordo com a análise de regressão do Bank of America baseada apenas na reabertura da China, com destaque para o euro e o iene.
Por outro lado, o dólar canadense e a coroa norueguesa se fortaleceram menos do que sugere a análise focada na China, revelaram os estrategistas.