Um estudo recente revelou que chimpanzés consomem o equivalente a 1,4 doses de álcool diariamente ao comerem frutas fermentadas. Esse hábito pode ter raízes evolutivas comuns com os seres humanos.
Esses animais ingerem aproximadamente 14 gramas de etanol puro por dia, o que equivale a uma dose padrão de bebida alcoólica nos Estados Unidos, como uma lata de cerveja de 350ml. Considerando que um chimpanzé pesa cerca de 40 quilos, enquanto um humano pesa em média 70 quilos, essa quantidade é significativa.
A pesquisa foi conduzida por uma equipe internacional de cientistas, liderada pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, com chimpanzés selvagens de Uganda e da Costa do Marfim.
Aleksey Maro, pesquisador principal, explicou que o consumo diário desses animais é equivalente a mais de uma bebida por dia, quando levado em conta o peso corporal deles.
Embora não esteja claro se os chimpanzés procuram frutas com níveis mais altos de etanol, sabe-se que o álcool é uma parte comum da dieta deles, e possivelmente fazia parte também da alimentação dos ancestrais humanos.
Os cientistas acreditam que estudar esse comportamento em primatas pode ajudar a entender por que os humanos mantêm até hoje a atração pelo consumo de álcool.
Para quantificar a ingestão de álcool, os pesquisadores analisaram a concentração de etanol em frutas coletadas em duas reservas naturais: a floresta de Ngogo, em Uganda, e o parque nacional Taï, na Costa do Marfim. As frutas continham, em média, cerca de 0,31% a 0,32% de etanol.
Em Uganda, a fruta mais consumida pelos chimpanzés foi o figo, enquanto na Costa do Marfim foi uma fruta semelhante à ameixa, ambas com maior concentração de álcool.
Robert Dudley, professor da Universidade da Califórnia e coautor do estudo, destacou que os chimpanzés comem entre 5% e 10% de seu peso corporal em frutas maduras diariamente, e mesmo concentrações baixas de etanol nessas frutas geram um consumo significativo de álcool.
Como os chimpanzés se alimentam durante o dia, eles não apresentam sinais de intoxicação, pois teriam que consumir uma quantidade excessiva para isso.
A hipótese do “macaco bêbado”, proposta por Dudley em 2016, é reforçada por esta pesquisa. Essa teoria sugere que a atração dos seres humanos pelo álcool surgiu a partir do consumo frequente de frutas fermentadas pelos ancestrais comuns dos humanos e chimpanzés.
Além de ajudar na identificação de alimentos ricos em açúcar, o cheiro do etanol pode aumentar o prazer ao comer e influenciar nas relações sociais entre os primatas.
Aleksey Maro conclui que os chimpanzés consomem diariamente uma quantidade de álcool semelhante à que os humanos consumiriam ao ingerir alimentos fermentados. Essa herança alimentar pode explicar a atração humana pelo álcool.