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domingo, 16/11/2025




Chile realiza primeira eleição com voto obrigatório após volta da democracia

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O Chile realizará neste domingo (16/11) o primeiro turno das eleições presidenciais. Pela primeira vez desde a restauração da democracia em 1990, o voto será obrigatório para todos os cidadãos entre 18 e 65 anos.

Essa mudança recente pretende aumentar significativamente a presença dos eleitores nas urnas e pode influenciar o desenrolar da disputa, que está mais polarizada desde os protestos de 2019.

As autoridades eleitorais preveem que a obrigatoriedade pode dobrar a participação, o que pode tornar necessário um segundo turno, já agendado para 14 de dezembro, caso nenhum candidato obtenha a maioria dos votos.

Disputa polarizada

O país vota para presidente, renovar toda a Câmara dos Deputados e metade do Senado. A campanha foi marcada por discussões sobre segurança pública, migração irregular e questões econômicas.

De acordo com a última pesquisa Atlas/Intel, divulgada antes do período de silêncio eleitoral, Jeannette Jara (Partido Comunista) lidera com 33,2% das intenções de voto. Logo atrás estão José Antonio Kast (Partido Republicano) e Johannes Kaiser (Partido Nacional Libertário), ambos com 16,8%.

O atual presidente Gabriel Boric votou cedo e ressaltou que a segurança e a migração tornaram-se temas centrais na eleição, refletindo a transformação do cenário social do país.

Criminalidade rediscute o cenário político

Conhecido historicamente pelos baixos índices de violência, o Chile está enfrentando um aumento acentuado na criminalidade. Dados oficiais indicam:

  • A taxa de homicídios subiu de 2,32 por 100 mil habitantes em 2015 para 6,0 em 2024;
  • Sequestros atingiram o recorde de 868 casos em 2024;
  • Crimes antes incomuns, como tiroteios em áreas públicas e execuções por encomenda, tornaram-se frequentes.

O agravamento da segurança fortaleceu candidatos que enfatizam a “lei e ordem”, especialmente Kast e Kaiser.

Líder comunista nas pesquisas

Aos 51 anos, Jeannette Jara é uma militante do Partido Comunista desde os 14 anos e lidera uma ampla coalizão de centro-esquerda. No governo Boric, ganhou destaque ao reduzir a jornada de trabalho de 45 para 40 horas semanais e implementar mudanças no sistema privado de pensões.

Originária de uma família humilde no norte de Santiago, Jara trabalhou em colheitas na juventude, formou-se em administração pública e direito, e tem uma trajetória marcada pela militância estudantil.

As vertentes da direita: Kast e Kaiser

José Antonio Kast, veterano político chileno, é conhecido pelo conservadorismo radical e pela associação à memória da ditadura de Augusto Pinochet. Ele defende a expulsão em massa de imigrantes irregulares, o aumento do poder policial e a redução do papel estatal, além de ter ligação próxima com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Johannes Kaiser, influenciador digital ultraliberal, ganhou fama por declarações controversas, incluindo questionamentos sobre o voto feminino e sugestões de deportação ampla. Ele também propõe enviar imigrantes com antecedentes criminais para uma grande prisão em El Salvador, administrada por Nayib Bukele.

Outro candidato, Evelyn Matthei (Chile Vamos), ex-ministra e representante da centro-direita tradicional, tem cerca de 13% da intenção de voto.




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