FERNANDO NARAZAKI
FOLHAPRESS
O líder do projeto Cybertruck da Tesla, Siddhant Awasthi, anunciou no domingo (9) que está saindo da empresa após oito anos.
“Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida deixar a Tesla. Oito anos atrás, quando entrei como estagiário, nunca imaginei que iria liderar o programa Cybertruck”, disse o executivo em mensagem no LinkedIn.
Awasthi não explicou o motivo da saída, mas comentou estar animado com os próximos passos da carreira. Ele comandava o projeto Cybertruck há três anos.
A picape foi lançada em novembro de 2023 com muita expectativa, porém não atingiu o sucesso de vendas esperado. Em março deste ano, a Tesla fez um recall do veículo por um problema que poderia soltar um painel externo enquanto o carro estava em movimento.
Nos últimos meses, a Tesla teve a saída de vários profissionais importantes das áreas de vendas nos EUA, bateria, trem de força, assuntos públicos e até do cargo de diretor de informação.
Além da Tesla, Elon Musk enfrenta também a saída de funcionários na empresa de robótica Optimus e na empresa de inteligência artificial xAI. De acordo com o Financial Times, algumas demissões aconteceram por esgotamento, insatisfação com mudanças estratégicas e posição política do bilionário.
A Tesla sempre foi vista como a parte mais estável das empresas de Musk. No entanto, vários executivos saíram após a redução de 14 mil empregos em abril de 2024. Parte dessas saídas ocorreu porque Musk diminuiu investimentos em novos veículos elétricos e baterias, que muitos funcionários consideravam essenciais para a missão de reduzir as emissões no planeta, e priorizou robótica, inteligência artificial e carros autônomos.
Musk cancelou um projeto para fazer um carro elétrico barato, que custaria cerca de US$ 25 mil e seria vendido em mercados emergentes. O projeto era chamado internamente de NV-91 e tinha o apelido informal de Model 2, segundo fontes internas.
Daniel Ho, que era diretor dos programas de veículos e se reportava diretamente a Musk, saiu da Tesla em setembro de 2024 e foi para a Waymo, empresa de carros autônomos do Google.
Outros executivos também deixaram a empresa depois dessa mudança de foco: Rohan Patel e Hasan Nazar, ligados a políticas públicas; Drew Baglino, chefe das áreas de trem de força e energia; e Rebecca Tinucci, líder dos supercarregadores, que foi para a Uber após mudanças e cortes na equipe feitos por Musk.
No final de junho, David Zhang, que liderava os lançamentos do Model Y e Cybertruck, deixou a Tesla. O diretor de informação Nagesh Saldi saiu em novembro.
Em abril, Vineet Mehta, veterano com 18 anos na empresa e fundamental na área de baterias, renunciou. Em junho, saiu Milan Kovac, chefe do programa robótico humanoide Optimus. No mês seguinte, Ashish Kumar, líder da equipe de IA do Optimus, foi para a Meta. Kumar disse no X que saiu por motivos financeiros e reconheceu que a Tesla pagava muito bem antes do exemplo do Facebook.
Com a queda nas vendas, atribuída por muitos à saída de clientes liberais por conta do comportamento político de Musk, Omead Ashfar, próximo a Musk e conhecido como seu “executor”, foi dispensado em junho do cargo de chefe de vendas e operações na América do Norte. Seu vice, Troy Jones, saiu pouco depois após 15 anos na empresa.
Um ex-funcionário afirmou que a postura de Musk está prejudicando o ambiente de trabalho, a retenção e a atração de talentos. Segundo ele, Musk deixou de ser admirado por diversos perfis e passou a ter apoio restrito a um grupo específico.