SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, descartou nesta segunda-feira (30) um retomo imediato das conversas com os Estados Unidos, contrariando declarações recentes do presidente Donald Trump.
O chanceler explicou que o Irã precisa ter certeza de que futuros diálogos não serão interrompidos por ações militares, como as ocorridas no final de junho.
“Não penso que as negociações irão recomeçar tão cedo”, disse Araghchi à emissora americana CBS News. “Para decidir retomar os diálogos, é necessário garantir que os Estados Unidos não realizem novos ataques militares durante as conversas.”
Segundo ele, “as portas da diplomacia permanecem abertas”, mas, “com todos esses cuidados”, é preciso esperar algum tempo.
Na última quinta-feira (26), poucos dias após Washington bombardear instalações nucleares iranianas, Trump afirmou que autoridades dos dois países conversariam nesta semana. “Podemos chegar a um acordo, não sei”, declarou o republicano. “Na minha visão, eles lutaram, a guerra acabou.”
O presidente americano comparou as operações militares às bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, que encerraram a Segunda Guerra Mundial. “Foi basicamente a mesma coisa. Isto encerrou a guerra”, afirmou durante uma cúpula da Otan em Haia.
Apesar do tom forte de Trump, os resultados dos ataques em relação ao programa nuclear iraniano ainda são incertos – as agências de inteligência americanas apresentam visões divergentes sobre os danos causados, enquanto o Irã nega que suas instalações tenham sido totalmente destruídas.
Comentando o assunto, Araghchi reafirmou declarações anteriores de autoridades iranianas desde os ataques: Teerã pretende reconstruir suas instalações. “O programa nuclear pacífico do país é motivo de orgulho nacional. Passamos por 12 dias de conflito imposto, então o povo não desistirá facilmente do enriquecimento” de urânio, afirmou.
Embora o Irã declare que seu programa tenha fins pacíficos, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informa que o país enriquece urânio a 60% — próximo dos 90% para armamentos nucleares e superior aos 3,67% comuns em usinas comerciais.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que também considerou a guerra de 12 dias uma “grande vitória”, anunciou nesta terça-feira (1º) que vai viajar aos EUA para se reunir com Trump.
Nesta visita, ele também terá encontros com o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, o enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, conforme comunicado do premiê.
“Ainda há pontos a serem resolvidos para firmar um acordo comercial e discutir outros temas”, disse, referindo-se às tarifas propostas por Trump. “Além disso, terei reuniões com líderes do Congresso e do Senado e também sobre segurança.”