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quarta-feira, 13/08/2025

Centrão intensifica pauta após prisão de Bolsonaro e preocupa governo Lula

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Victoria Azevedo e Ranier Bragon
Brasília, DF (FolhaPress)

A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, que completa uma semana nesta segunda-feira (11), provocou uma mobilização dos aliados no Congresso Nacional e trouxe impactos políticos para o governo, oposição e centrão.

Integrantes do Executivo avaliam que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ficou enfraquecido ao tentar conter o protesto bolsonarista, gerando preocupação sobre a estabilidade no Congresso Nacional, algo que nenhum governo deseja.

O centrão aproveitou esse momento conturbado para colocar na pauta uma proposta que visa proteger parlamentares de ações do Supremo Tribunal Federal (STF).

Enquanto isso, a oposição se uniu em um discurso contra o ministro Alexandre de Moraes, responsável pela ordem de prisão, e indicou que pode discutir um projeto de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro.

Após cerca de 30 horas sem conseguir iniciar uma sessão devido à ocupação da Mesa da Câmara, Hugo Motta retomou a presidência da Câmara no final da noite de quarta-feira (6), após acordo com seu padrinho político e líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL).

A forma como o plenário foi retomado, com muita confusão e empurra-empurra, fez com que integrantes do governo Lula temessem que Hugo Motta possa perder o controle do plenário.

Essa situação acende um alerta sobre o avanço da agenda prioritária do governo no Congresso, que busca melhorar a avaliação da gestão petista às vésperas das eleições.

Uma das medidas principais do governo é aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda.

Inicialmente, o governo elogiou a postura de Hugo Motta e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que convocaram reunião e indicaram punições para parlamentares que não desocupassem o plenário.

Esse tema foi discutido em reunião no Palácio do Planalto entre ministros do PT e lideranças, onde foi sugerido que o governo se aproxime dos parlamentares para isolar o bolsonarismo e foque em sua agenda.

Porém, a avaliação positiva sobre Hugo Motta mudou após ele recuar em punir os bolsonaristas imediatamente e pela dificuldade de retomar o controle do plenário, demonstrando dependência do líder do centrão, Arthur Lira.

A Mesa da Câmara decidiu encaminhar para a Corregedoria os casos de parlamentares representados por partidos, para que o órgão emita parecer antes de decidir sobre o afastamento dos deputados envolvidos no motim.

Um aliado do governo afirma que Hugo Motta sofre pressão do senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, e precisa se desvincular dessa influência para exercer o cargo plenamente.

Na sexta-feira (8), o presidente Lula criticou os bolsonaristas, chamando-os de traidores da pátria e sugerindo que deveriam ser alvo de impeachment.

Enquanto isso, a oposição reagiu com uma campanha nas redes sociais, acusando o Congresso e o bolsonarismo de defenderem ricos e privilégios, estendendo a defesa da soberania nacional após medidas tarifárias de Donald Trump.

Essas ações criaram tensões entre oposicionistas, que precisaram se posicionar de forma defensiva.

As decisões do ministro Alexandre de Moraes contra Bolsonaro – da tornozeleira eletrônica à prisão domiciliar – reacenderam e unificaram o bolsonarismo, resultando no motim que paralisou os plenários da Câmara e Senado por dois dias.

A proposta de afastar Alexandre de Moraes não prosperou na liderança do Congresso, mas a ideia de discutir anistia voltou a ser considerada, com variações conforme os grupos políticos.

O centrão, que tem flutuado entre o bolsonarismo e o lulismo, tem número suficiente para ser decisivo e mostra sinais contraditórios conforme o clima político.

Antes da recente recuperação da popularidade de Lula, o centrão vinha derrotando o governo no Congresso e anunciando a intenção de se afastar da base governista para as eleições de 2026.

Após os eventos recentes, incluindo decisões judiciais e protestos, esse afastamento foi adiado, mas a tendência continua desfavorável a Lula.

Enquanto aguarda definições para a eleição, o centrão retomou pauta antiga para proteger congressistas de investigações do STF, especialmente relacionadas ao uso de emendas parlamentares.

Esses partidos de centro e direita querem votar projetos que limitem investigações contra deputados e senadores sem autorização do Congresso e proponham três instâncias de julgamento, eliminando o foro especial no STF.

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