Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, detalhou a razão pela qual o Brasil deixou a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). O esclarecimento foi feito durante entrevista concedida ao programa Roda Viva, em 12 de agosto.
O principal motivo para a saída foi a sensação de que o governo brasileiro estava sendo manipulado por essa aliança. Conforme Amorim, o Brasil não poderia permitir que a IHRA utilizasse sua definição de antissemitismo para prejudicar os esforços em prol da criação de um Estado palestino.
“Não podemos aceitar que isso dificulte a solução que acreditamos ser adequada para o conflito, que é o reconhecimento de um Estado palestino — reconhecimento formalizado pelo Brasil em 2020 — e a existência de dois Estados com fronteiras seguras”, ressaltou o embaixador.
A saída do Brasil da IHRA veio à tona no final de julho, após o Ministério das Relações Exteriores de Israel se pronunciar em resposta ao apoio brasileiro à ação judicial da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), que acusa Israel de genocídio contra o povo palestino.
Até o momento, o Itamaraty não se manifestou oficialmente sobre a decisão. Fontes diplomáticas israelenses divulgaram ao Metrópoles que a embaixada de Israel em Brasília foi informada sobre o desligamento, contudo sem receber justificativas detalhadas.
Fundada nos anos 1990, a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto tem por objetivo combater o antissemitismo globalmente. O Brasil integrou a organização em 2021, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).