A 14ª edição do Concurso do Espumante Brasileiro terminou com 160 amostras premiadas, representando 30,7% das 520 inscritas. Entre os prêmios, 145 receberam medalha de Ouro e 15, medalha de Grande Ouro.
Conforme a Associação Brasileira de Enologia (ABE), responsável pelo evento, o resultado foi um recorde comparado a 2023. Para obter medalha de Grande Ouro, é necessário alcançar nota superior a 94 pontos, enquanto a medalha de Ouro é conferida para notas entre 90 e 93.
Este ano, houve uma mudança no perfil das amostras. Houve um aumento na presença de espumantes brut feitos pelo método tradicional, principalmente de pequenos produtores que procuram agregar valor aos seus produtos.
O método tradicional envolve duas fermentações: primeiro, o suco da uva fermenta em tanques de inox até se transformar em vinho sem borbulhas; depois, o vinho passa por uma segunda fermentação dentro da garrafa, formando as características borbulhas do espumante.
Aproximadamente 20% das amostras obtiveram pontuação para medalha, mas não foram classificadas entre as 30% melhores, segundo as regras da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).
Dos 520 espumantes inscritos, 78% passaram por segunda fermentação (métodos Charmat e tradicional) e 22% tiveram apenas uma fermentação (tipo moscatel). Dos premiados, 124 foram brut e 36 moscatéis, indicando uma preferência pelos estilos mais secos.
De acordo com Mário Lucas Ieggli, presidente da ABE, o concurso teve o maior número de amostras e de vinícolas participantes – 520 amostras e 102 vinícolas. Os espumantes avaliados foram variados, incluindo Brut, Extra Brut e diferentes tipos de moscatéis, com perfis diversos e produtos mais jovens.
“Observamos que as vinícolas estão cada vez mais próximas dos consumidores, oferecendo produtos com frescor e fácil degustação.”
Mário Lucas Ieggli acredita que muitos espumantes premiados têm excelente custo-benefício e chegarão ao mercado com destaque.
Vitrine para o setor
O presidente da ABE ressalta que o concurso é uma vitrine que mostra ao Brasil e ao mundo a alta qualidade dos espumantes brasileiros, resultado de muito trabalho e pesquisa.
A cada nova edição, além do aumento na quantidade de amostras, percebe-se avanço técnico e inovação por parte das vinícolas, que apresentam espumantes cada vez mais distintos e representativos dos diferentes terroirs.
Celebrando conquistas
A vinícola Valmarino, localizada em Pinto Bandeira (RS), ganhou três medalhas de Grande Ouro e duas de Ouro. O engenheiro agrônomo e enólogo Marco Salton destacou os prêmios conquistados com amostras do Blanc de Blanc Brut D.O. Altos de Pinto Bandeira 2021 e o Espumante Extra Brut 2023.
“Fomos a única vinícola a ganhar três Grande Ouro, fruto do nosso esforço contínuo para garantir qualidade.”
Marco Salton afirma que participar do concurso é motivo de orgulho e que o espumante brasileiro é uma bebida de excelência.
A Valmarino, mesmo sendo de porte médio, distribui seus espumantes em várias capitais e em sites especializados. Os espumantes representam cerca de 30% da produção da vinícola, percentual que tende a crescer.
A vinícola Vinhos Cristofoli, de Bento Gonçalves (RS), recebeu uma medalha de Ouro pelo Dodici Espumante Brut Rosé. O enólogo Lorenzo Cristofoli vê a premiação como reconhecimento e um incentivo para continuar evoluindo.
“Este concurso é uma excelente oportunidade para troca de conhecimento entre os produtores.”
Lorenzo Cristofoli conta que o espumante foi o último produto desenvolvido pela vinícola e que uma experiência em Portugal foi fundamental para essa virada.
Os espumantes da Cristofoli estão presentes em grandes capitais e em estabelecimentos de alto padrão, com perspectivas de crescimento no mercado.