A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) irá analisar hoje, a partir das 15h, a prisão do presidente da Casa, o deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil).
Rodrigo Bacellar foi detido preventivamente na última quarta-feira (3/12) pela Polícia Federal (PF), acusado de vazar informações secretas da Operação Zargun, que mirava a liderança do Comando Vermelho (CV) e resultou na prisão do deputado estadual TH Joias.
A reunião extraordinária foi convocada pelo presidente em exercício, Guilherme Delaroli (PL). Os sete membros da CCJ irão preparar e votar um Projeto de Resolução para decidir se Rodrigo Bacellar deve continuar preso e afastado do cargo.
O parecer da CCJ será submetido ao plenário da Alerj na próxima segunda-feira (8/12), onde os 69 deputados estaduais votarão sobre a manutenção da prisão preventiva do presidente da Casa.
A prisão de Rodrigo Bacellar ocorreu no contexto da Operação Unha e Carne, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou seu afastamento da Alerj.
“Os fatos apresentados pela PF são seríssimos, indicando que Rodrigo Bacellar estaria ativamente obstruindo investigações da facção criminosa e do crime organizado, influenciando até mesmo o poder executivo estadual e aumentando o risco de continuidade das atividades ilícitas e interferência nas investigações”, destacou Alexandre de Moraes.
Em 2019, o STF estabeleceu que os deputados estaduais possuem as mesmas imunidades que os parlamentares federais conforme a Constituição, o que permite às assembleias legislativas anular prisões determinadas pela Justiça.
Aliados de Rodrigo Bacellar afirmam que a Alerj buscará sua libertação, com um líder do PL declarando: “Ele controla muita coisa”.
Operação Zargun e Prisões
Rodrigo Bacellar foi preso preventivamente sob suspeita de vazar dados da Operação Zargun, deflagrada em 3 de setembro para desmontar uma rede de tráfico internacional de armas e drogas, corrupção e lavagem de dinheiro associada à liderança do CV no Complexo do Alemão.
Foram realizados 18 mandados de prisão, 22 de busca e o bloqueio de R$ 40 milhões em bens. A operação mirou um delegado da PF, policiais militares, um ex-secretário estadual e o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, apontado como representante político da facção dentro da Alerj.
Atividades Criminosas Investigadas
De acordo com as investigações, TH Joias facilitava as ações do CV, intermediando a compra de fuzis, drogas e equipamentos antidrones, além de indicar para cargos políticos pessoas ligadas ao tráfico.
Entre os investigados destacam-se:
- Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio do Lixão, tesoureiro do CV responsável por movimentar R$ 120 milhões em cinco anos;
- Luciano Martiniano da Silva, apelidado Pezão, líder da facção;
- Alessandro Pitombeira Carracena, ex-subsecretário estadual suspeito de interferir em operações policiais a pedido de criminosos;
- Policiais militares e um delegado federal investigados por fornecer proteção e informações privilegiadas ao grupo.

