O primeiro-ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, declarou nesta terça-feira (29/10) que seu país está empenhado em todos os esforços para persuadir os grupos armados palestinos — como o Hamas — que atuam na Faixa de Gaza, a entregarem suas armas como parte do acordo de paz intermediado por Washington, Cairo e Doha.
“Fomos muito claros com o Hamas, e eles foram muito claros conosco, manifestando disposição em entregar suas armas ao governo”, afirmou o premiê durante discurso no Conselho de Relações Exteriores, em Nova York.
De acordo com ele, o desarmamento “precisará envolver todas as facções palestinas” e representa um passo fundamental para estabilizar a região.
Al Thani reconheceu, contudo, que o processo será “difícil e gradual”. O líder qatari também destacou que Israel deverá retirar suas forças de Gaza “assim que as tropas internacionais tomarem controle da área, conforme os acordos”.
“É necessário construir o horizonte político e o ambiente apropriados para que palestinos e israelenses possam alcançar um entendimento e um acordo de convivência pacífica”, ressaltou.
Novos ataques em Gaza
As declarações do primeiro-ministro do Catar acontecem em meio à retomada das ofensivas israelenses contra a Faixa de Gaza.
Na noite de terça-feira (28/10), o Exército de Israel iniciou uma nova operação, resultando em pelo menos 104 mortos, após ordem direta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O gabinete israelense comunicou que a decisão foi tomada após consultas de segurança.
O governo israelense acusa o Hamas de violar o cessar-fogo ao atacar soldados e dificultar a devolução dos corpos dos reféns.
Em 9 de outubro, com mediação do Egito, Catar, Estados Unidos e Turquia, Israel e Hamas haviam acordado implementar a primeira etapa do plano de paz proposto pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Hamas nega violações e reafirma compromisso com acordo
O Hamas negou qualquer participação nas situações recentes e reafirmou o compromisso com o cessar-fogo firmado em Sharm el-Sheikh, mediado pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Este ataque terrorista é uma continuação de uma série de transgressões recentes […], confirmando a persistência em quebrar os termos do acordo e tentar sabotá-lo”, declarou o grupo em comunicado.
“Escalada traiçoeira”, diz o grupo
Em novo comunicado divulgado nesta quarta-feira (29/10), o Hamas acusou Israel de “buscar impor novas realidades pela força, com a cumplicidade dos Estados Unidos”.
“A intensificação enganosa contra nosso povo em Gaza evidencia uma intenção clara de Israel em enfraquecer o cessar-fogo e forçar novas condições unilateralmente”, afirmou o movimento.
