LUIS EDUARDO DE SOUSA
FOLHAPRESS
Os casos de pneumonia e as internações por essa doença têm aumentado ano após ano no estado de São Paulo desde o fim da pandemia. Esses dados foram disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde e mostram que, entre janeiro de 2022 e agosto de 2025, as consultas e tratamentos nas unidades de saúde do SUS quase triplicaram, enquanto as internações aumentaram cerca de 20%.
Três especialistas consultados confirmam que essa tendência também ocorre em todo o país. Eles alertam para o crescimento de casos graves e para a presença da pneumonia silenciosa, que apresenta poucos sintomas no começo, o que pode dificultar o diagnóstico e agravar a situação.
Os números mostram que, em 2022, foram registrados 104.125 procedimentos de internação por pneumonia. Esse número subiu para 125.515 em 2023, um crescimento de 20,54%. Em 2025, até agosto, já foram contabilizadas 79.549 internações, mantendo o aumento na faixa dos 20% face ao mesmo período do ano anterior.
Em relação às consultas e tratamentos, o aumento foi ainda mais expressivo: em 2022, foram 52.010 casos atendidos, enquanto em 2024 esse número cresceu para 132.896, alta de 155%. Em 2025, até agosto, já foram 122.808 atendimentos registrados.
O crescimento da pneumonia tem várias causas, incluindo fatores comportamentais e de saúde pública, como o uso de cigarros eletrônicos e a diminuição nas taxas de vacinação. Segundo Bernardo Mulinari Pessoa, mestre em saúde pública pela Johns Hopkins University e coordenador de cirurgia torácica do Hospital Santa Cruz, em Curitiba, após a pandemia as pessoas relaxaram nos cuidados básicos de higiene e prevenção, como o uso de máscaras, e isso pode ter deixado a imunidade geral mais baixa, facilitando o aumento de doenças respiratórias.
O médico ainda destaca que novas variações da pneumonia têm surgido, com sintomas menos evidentes como febre, tosse e dor no peito, o que faz com que muitas pessoas confundam a doença com uma gripe e evitem procurar atendimento médico, piorando o quadro.
Cláudio Miranda, pneumologista do Hospital São Francisco, em Mogi Guaçu, ressalta que a queda nas taxas de vacinação para pneumonia e outras doenças, inclusive a gripe, contribui para o aumento dos casos graves. Para João Carlos de Jesus, pneumologista do Hospital Vera Cruz, essa baixa cobertura vacinal facilita o desenvolvimento das infecções bacterianas, pois os vírus que causam gripes debilitam o organismo, abrindo caminho para infecções pulmonares.
Outro fator preocupante é o uso de cigarros eletrônicos, que pode causar danos ao pulmão semelhantes aos da pneumonia, mesmo sem presença de infecção. Um surto nos Estados Unidos em 2019 mostrou casos graves associados a esses dispositivos, e como no Brasil não há regulamentação, o conteúdo e os riscos ainda são incertos.
Como se prevenir
Os especialistas concordam que a melhor forma de prevenção é a vacinação, tanto contra a pneumonia quanto contra a gripe e a covid-19. Adultos podem ainda optar pela vacina pneumocócica conjugada, que não está disponível no SUS, mas protege contra vários tipos da bactéria que causa a pneumonia.
Outras medidas recomendadas incluem:
- Usar máscara perto de pessoas que estejam com sintomas respiratórios;
- Manter-se bem hidratado;
- Consumir alimentos ricos em fibras;
- Afastar-se do cigarro e da fumaça do cigarro;
- Ter uma rotina regular de sono para fortalecer o sistema imunológico.
