Em meio a pior crise econômica em 20 anos, won não para de subir, intrigando especialistas; repressão a uso do dólar e fechamento de fronteiras pode estar por trás do fenômeno
Os economistas estão com dificuldade de entender um caso raro de valorização de uma moeda em meio a uma recessão e projeções pessimistas para o curto, médio e longo prazo. O won, da Coreia da Norte, teve uma valorização de 25% em relação ao dólar este ano, apesar da derrocada econômica do país — no ano passado, o PIB teve a maior queda das últimas duas décadas, com uma contração de 5.9% na produção industrial e 7,6% na agropecuária. E as exportações caíram 70%, com o fechamento das fronteiras em função da pandemia.
Ao mesmo tempo, o won não parou de se valorizar, o que tem deixado muitos especialistas intrigados. Uma combinação de fatores pode estar por trás do fenômeno. Um deles é uma possível repressão ao uso de moeda estrangeira. Diversos varejistas na capital, Pyongyang, deixaram de aceitar dólar em pagamentos feitos por estrangeiros, segundo a embaixada da Rússia.
Também há relatos de que as autoridades estão solicitando que os cidadãos informem o valor das reservas em dólar que mantém em casa. Os norte-coreanos costumam guardar dólares para compras especialmente de importados vindos da China, de acordo com a NK Investment Development, empresa de pesquisas e dados sobre o mercado do país.