O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou o casal conhecido como “emergente do tráfico” a mais de 61 anos de prisão por envolvimento em comércio de drogas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Matheus Almeida e Cecília Calixto exibiam uma vida luxuosa com viagens para destinos paradisíacos, festas exclusivas e joias caras, adquiridos com dinheiro obtido pelo tráfico de drogas.
A tragédia envolvendo o filho de um policial militar aposentado do Distrito Federal desencadeou as investigações. O jovem, que fazia parte do grupo criminoso e tinha uma dívida de R$ 70 mil, tirou a própria vida após ameaças aos seus familiares. Isso levou a Polícia Civil do Distrito Federal a desmontar a organização que atuava no tráfico de haxixe, cocaína e drogas sintéticas.
As apurações indicaram que Matheus, apelidado de Frajola, era o líder da quadrilha, responsável pelo planejamento, financiamento e orientação do transporte das drogas, que vinham de Minas Gerais e do Entorno do Distrito Federal. Usava terceiros e veículos em nome de outras pessoas para realizar as operações. Cecília, por sua vez, cuidava das finanças do grupo.
A 5ª Vara de Entorpecentes do DF sentenciou Matheus a 49 anos e 2 meses de prisão em regime fechado, e Cecília a 12 anos, 5 meses e 22 dias sob o mesmo regime. Também foram confiscados todos os bens ligados ao casal, incluindo joias, celulares e objetos valiosos, afinal, foram adquiridos com recursos do tráfico ou usados para a prática dos crimes.
O grupo criminoso tinha uma estrutura organizada e funções bem definidas entre seus membros. As drogas eram compradas em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraguai, e transportadas para o DF por “mulas”. Um intermediário cuidava da distribuição para outros traficantes em diversas regiões do Distrito Federal.
As mulheres dos líderes do esquema gerenciavam as finanças da quadrilha, cuja movimentação de dinheiro era constante e organizada. Especialistas no comércio de haxixe, uma forma concentrada da maconha, eles apostavam em cargas pequenas, porém de alto valor. Parte dessa droga era vendida em festas frequentadas por pessoas de alto poder aquisitivo, como eventos em praias do litoral baiano.
Durante as apurações, foi identificado que o grupo usava técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, como o “smurfing”, que consiste em dividir depósitos bancários e espalhar os valores em várias contas de laranjas. O dinheiro era gasto em viagens, joias, carros de luxo e outros bens.
Cecília movimentava a fortuna do tráfico, mesmo após o fechamento de sua pequena loja de roupas. Em um ano, ela recebeu cerca de R$ 500 mil em sua conta bancária, sendo o principal remetente seu companheiro. Apesar do faturamento anual declarado da loja ser de R$ 70 mil, os valores depositados foram muito superiores, demonstrando a origem ilícita dos recursos.