Um esquema de tráfico de drogas considerado inovador e ousado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) foi desmantelado num apartamento de alto padrão na quadra 504 do Sudoeste.
A investigação da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) revelou que o imóvel funcionava como ponto de distribuição de drogas sintéticas e tradicionais, focado em atrair adolescentes e jovens de áreas públicas como escolas, parques infantis e academia ao ar livre para idosos.
Os primeiros levantamentos encontraram um obstáculo: usuários nunca eram flagrados com drogas, dificultando a comprovação do tráfico. Porém, a investigação descobriu a dinâmica desse sistema.
Brindes de fidelização
Os traficantes criaram um código de fidelização onde usuários recebiam pequenos objetos digitais tridimensionais (3D) como brindes — um esqueleto de peixe, um raio ou um floco de neve —, cada um simbolizando uma droga específica:
- Esqueleto de peixe: cocaína
- Raio: ecstasy
- Floco de neve: haxixe ou loló
Esses brindes funcionavam como cartões de fidelidade, ocultando a conexão criminosa e criando uma exclusividade entre fornecedor e cliente.
Casal de luxo
Na operação policial, um casal foi identificado como os principais responsáveis pelo tráfico. Reconhecidos como os maiores traficantes do Sudoeste, ofereciam cocaína, maconha, haxixe, ecstasy e loló, com grande movimentação de usuários no imóvel. Henrique Sampaio da Silva, o traficante, tinha seis prisões anteriores relacionadas a drogas, e sua parceira seria uma advogada.
Na apreensão feita, foram encontrados:
- Diversas porções de cocaína
- Tabletes de haxixe
- Embalagens de maconha
- Comprimidos de ecstasy
- Frascos de loló
- Balanças de precisão e materiais para embalagem
- Canudos usados para consumo de cocaína
- Grande quantidade de dinheiro em espécie
Operação Wolf
A ação policial teve como objetivo interromper a logística do tráfico, tanto para entregas no local quanto por delivery em regiões próximas. A prisão em flagrante do casal ocorreu nessa operação.
Victor Dan, delegado-chefe da 3ª DP, destacou a sofisticação e o uso de linguagem própria para fidelizar usuários e atingir adolescentes em idade escolar, numa clara tentativa de enganar a polícia e ampliar o consumo.
Detalhes como placas e avisos comunitários espalhados pelo apartamento davam uma falsa impressão de convivência saudável para despistar vizinhos e autoridades.
Compromisso com a comunidade
A Polícia Civil reforçou que continuará vigilante após a prisão, monitorando a quadra para garantir a segurança dos moradores e impedir que o tráfico retorne.