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terça-feira, 17/06/2025




Casa de Cristina Kirchner vira ponto de encontro após condenação

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DOUGLAS GAVRAS
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS)

Mesmo com conflitos e perdas de companheiros, centenas de pessoas se reúnem a cada trinta minutos na esquina da rua Humberto 1º com a avenida San José, em Buenos Aires, entoando cânticos de resistência.

Localizado entre os bairros de Monserrat e Constitución, um cruzamento cercado por prédios residenciais de classe média tem atraído cada vez mais argentinos curiosos e apoiadores desde que o Supremo Tribunal do país confirmou a pena de seis anos de prisão para a ex-presidente Cristina Kirchner por má administração pública.

Militantes peronistas de várias vertentes, seguidores e interessados se aproximam do local onde Cristina solicitou cumprir sua detenção e aguardam por sua apresentação à Justiça, enquanto cantam músicas como a marcha da Juventude Peronista, o hino nacional e canções provocativas contra o presidente Javier Milei e o ex-presidente Mauricio Macri. Cerca de três vezes ao dia, por dois minutos, a ex-presidente aparece na sacada de seu apartamento no segundo andar para saudar seus apoiadores.

Ignácio Torres, vendedor de 33 anos, relata sua história de vida e gratidão: ‘Vim por gratidão. Sou da província de Misiones, na fronteira com o Brasil. Durante a crise de 2001, minha família e eu viemos para Buenos Aires e enfrentamos grandes dificuldades, mas graças aos governos do Néstor Kirchner e da Cristina, tive a oportunidade de estudar e buscar um futuro melhor.’

Os apoiadores gritavam palavras de incentivo antes da aparição de Cristina, que deve se apresentar até a quarta-feira (18), data em que termina o prazo concedido pela Justiça para entrega voluntária pela sentença relacionada ao caso Vialidad, que apurou irregularidades em obras públicas na província de Santa Cruz.

A defesa já solicitou formalmente a prisão domiciliar, esperando que seja concedida antes do prazo final, possivelmente ainda nesta terça-feira (17), levando em conta o feriado nacional na segunda-feira.

Um relatório da Diretoria de Controle e Assistência da Execução Penal indicou que o apartamento na região de Constitución é adequado para o cumprimento da prisão domiciliar de Cristina. A ex-presidente confirmou que se apresentará ao tribunal na quarta-feira, e lideranças do peronismo programaram uma marcha de sua casa até o edifício dos tribunais federais, um percurso de cerca de 5 km pela cidade.

Tomás Pasos, agricultor de 63 anos, expressou seu apoio ao destacar que, graças ao governo de Cristina, pôde adquirir a casa própria e espera que ela tenha segurança para continuar liderando o movimento peronista.

A presença dos simpatizantes tem causado desconforto em alguns moradores locais. Na madrugada de domingo (15), a polícia de Buenos Aires realizou uma operação para remover acampamentos de manifestantes, retirando barracas, cartazes e equipamentos utilizados.

O governo do presidente Milei também está preocupado com o impacto político que a ex-presidente pode ter nas próximas eleições legislativas, apesar de ela estar proibida de concorrer devido à decisão judicial. Há pressão para limitar as visitas à residência de Cristina e impedir suas aparições na sacada para saudar os militantes.

Enquanto isso, nesta terça-feira, Cristina recebeu autoridades locais e representantes das Mães da Praça de Maio em sua residência, fortalecendo sua imagem política.

A controvérsia em torno das romarias até a casa da ex-presidente gerou debates até mesmo em programas televisivos populares, onde a apresentadora Mirtha Legrand comentou seu espanto ao vê-la dançando na sacada e questionou a autenticidade da presença dos apoiadores, questionando se são espontâneos ou organizados.




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