A idosa, mantida em cárcere doméstico pelo filho de 49 anos por 15 anos, vivia em um ambiente repleto de entulhos. Roupas e caixas estavam espalhadas por toda a residência, enquanto o banheiro, a cozinha e o quarto onde a senhora de 72 anos dormia apresentavam condições ruins, incluindo sujeira, mofo e odores desagradáveis.
Remédios estavam desorganizados sobre os móveis, e o fogão acumulava gordura. Em meio ao lixo havia várias caixas de panetone, alimento que, segundo a vítima, fazia parte de sua dieta diária em condições tão precárias.
A mulher revelou às autoridades que o lixo se acumulava há mais de 15 anos, e os cômodos nunca eram limpos, devido ao transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) do filho.
Resgate e investigação
A idosa foi resgatada na QR 208 por policiais civis da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia), após denúncia, e o filho Demetrius Emerson de Farias foi preso em flagrante por crimes contra pessoa idosa, conforme a Lei Maria da Penha.
Ele mostrou comportamento agressivo ao ser abordado, necessitando apoio policial para abertura da porta.
Negligência e controle
A vítima relatou sofrer agressões verbais e que não tinha acesso ao dinheiro da própria pensão, que era gerenciado pelo filho. Sua alimentação baseava-se em panetones, leite e água da torneira.
Durante o resgate, ela manifestou sintomas como dores de cabeça e tontura, sendo encaminhada ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT) para avaliação médica.
Relatos de vizinhos
- Um vizinho, que conhece a idosa há cerca de nove anos, disse que Demetrius frequentemente a ofendia com frases depreciativas.
- A testemunha contou que o filho a deixava sozinha e chorando e que, em 2024, viajou para o Rio de Janeiro com o dinheiro da mãe deixando-a isolada por quatro dias.
- Hematomas nos braços da idosa foram percebidos após discussões.
- O homem reagiu agressivamente quando outra pessoa retirou sacos de lixo da casa.
- Ele impedia que a mãe comprasse um fogão novo ou fizesse exames oftalmológicos apesar de sua recente perda de visão.
Versão do filho
Demetrius afirmou que desde 2003 gerencia a pensão de R$ 5 mil deixada pela avó da mãe, utilizando metade para o plano de saúde dela e ficando com R$ 500. Ele alegou que a mãe era difícil de conviver e que não teve uma boa relação com ela, mas reconheceu que agiu incorretamente por ser filho de uma senhora idosa.