A Casa Branca negou qualquer envolvimento dos Estados Unidos na ofensiva do Exército de Israel contra a sede política do Hamas localizada em Doha, capital do Catar, ocorrida nesta terça-feira (9/9). Em coletiva, a porta-voz Karoline Leavitt declarou que essa operação militar “não favorece os interesses” de Washington nem de Tel Aviv.
“Realizar um ataque unilateral dentro do Catar, uma nação soberana e amiga, não fortalece as metas de Israel ou dos Estados Unidos. Contudo, eliminar o Hamas, que se aproveita da difícil situação dos moradores de Gaza, é uma causa justa”, declarou.
Ela acrescentou que o presidente Donald Trump foi previamente informado sobre a intenção israelense de realizar o ataque no Catar, mas negou que tenha dado permissão para a ação.
“Trump instruiu que Steve Witkoff comunicasse ao Catar sobre o ataque iminente. O presidente não aprovou o local do ataque, e atingir o Hamas no Catar não está alinhado com nossos interesses. Trump não autorizou o ataque, que não alcançou os objetivos de Israel e dos Estados Unidos”.
Ataque contra a sede do Hamas
As forças armadas de Israel confirmaram o bombardeio da sede do Hamas em Doha, definindo a operação como “precisa” e direcionada aos líderes da organização, considerada terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
De acordo com o comunicado militar, os alvos eram responsáveis por liderar as ações terroristas do Hamas por anos e diretamente implicados no massacre de 7 de outubro, bem como na condução da guerra contra Israel. O Exército destacou que buscou minimizar danos a civis, utilizando munições guiadas e suporte de inteligência.
Imagens divulgadas por veículos de comunicação mostram uma nuvem de fumaça sobre a cidade e moradores fugindo das proximidades do local atingido.
Reação do Catar
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, qualificou o ataque como “um ato criminoso” e uma “grave violação de todos os acordos e normas internacionais”.
“Este ataque representa uma séria ameaça à segurança dos catarenses e residentes no país”, afirmou Ansari em uma mensagem no X (anteriormente Twitter). Segundo ele, as autoridades locais já estão tomando medidas para controlar os danos e garantir a proteção da população.
O diplomata também destacou que o Catar “não aceitará esse comportamento imprudente de Israel nem qualquer ação que ameace sua segurança e soberania”. O país anunciou a abertura de uma investigação formal.
Este episódio ocorre em um momento delicado, pois o Catar atua como mediador crucial nas negociações de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, com envolvimento direto dos Estados Unidos.
Liderança do Hamas sobrevive ao ataque
O grupo palestino informou que seus principais dirigentes saíram ilesos do bombardeio das Forças de Defesa de Israel (FDI) em Doha.
Dentre os que sobreviveram está Khalil al-Hayya, um alto representante do Hamas responsável pelas negociações do cessar-fogo na Faixa de Gaza. A reunião em Doha tinha o objetivo justamente de discutir a proposta de trégua apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Embora os líderes principais tenham conseguido escapar do ataque, o Hamas relatou a morte de seis integrantes do grupo, incluindo o filho de al-Hayya, além de um funcionário catarense.