Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), mencionou a música do rapper Emicida e trechos da obra da escritora Carolina de Jesus durante seu voto em um julgamento sobre a presença do racismo e a violação dos direitos da população negra no Brasil.
O julgamento ocorreu na quinta-feira (27) e, até o momento, oito ministros votaram reconhecendo que há uma violação sistemática dos direitos das pessoas negras no país. O caso ainda será discutido novamente pelo STF em uma data futura.
Cármen Lúcia lembrou da música “Ismália”, de Emicida, destacando que “a felicidade do branco é completa, enquanto a do negro é incompleta”. Ela afirmou: “Eu não quero viver em um país onde a Constituição seja plena para brancos e apenas quase completa para negros. Quero uma Constituição que seja igual para todos”.
Ela também citou a frase da música: “80 tiros te lembram que existe pele clara e pele escura”, ressaltando que não é possível aceitar essa situação trágica no Brasil. A ministra considerou que estamos diante de uma situação inconstitucional e que as ações tomadas até agora não foram suficientes para superar o racismo histórico e estrutural que ainda persiste.
Em seguida, Cármen Lúcia usou uma passagem da escritora Carolina de Jesus: “Não digam que fui desprezada / Que vivi fora da sociedade / Digam que eu buscava trabalho / Mas sempre fui deixada de lado”.
Ela concluiu dizendo que não se pode continuar ignorando mais da metade da população brasileira por conta de um racismo grave e triste que ainda existe no país.
