Carlos Brandão, governador do Maranhão, declarou que não é possível avançar nas negociações com os Estados Unidos sem a participação e consentimento do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Em entrevista ao Metrópoles, o governador destacou sua discordância com a iniciativa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que buscou uma relação direta para tentar cancelar a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump.
Brandão explicou que, uma vez que o vice-presidente Alckmin foi delegado para liderar essas negociações, é essencial ouvi-lo antes de qualquer ação. Ele ressaltou que vem consultando entidades industriais e comerciais para coletar dados sobre a situação regional.
“Não se deve ultrapassar o vice-presidente e o presidente Lula sem considerar suas posições”, afirmou Brandão.
O governador também comentou que Tarcísio possivelmente não deseja ser subordinado ao presidente Lula nessas negociações, especialmente considerando que Tarcísio é apontado como possível candidato à Presidência em 2026.
Impactos do tarifaço
O aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, decidido por Donald Trump, vai afetar os preços de combustíveis e celulose no Brasil. Conforme Brandão, 70% do combustível adquirido pelo país chega pelo porto de Itaqui, o mais próximo dos EUA.
O impacto imediato será sentido pelas indústrias de celulose, especialmente com redução estimada de 16% no faturamento da Suzano, maior empresa do setor no Brasil.
Brandão explicou que o porto de Itaqui, maior do Arco Norte e do Brasil acima de Brasília, será impactado, especialmente nas vendas de celulose e papel destinadas aos EUA. As fábricas da Suzano na Bahia e no Maranhão são as mais afetadas, devido ao volume exportado para os Estados Unidos.
“O efeito será uma redução aproximada de 16% nas vendas da Suzano”, concluiu o governador maranhense.